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Ângela Schiezari Garcia

Autor: Ângela Schiezari Garcia

Atividade física na pré-adolescência e adolescência.

7/8/2015 - São Roque - SP

 

 

A pré-adolescência é a fase do desenvolvimento humano caracterizada pelo início de transformações físicas, hormonais, comportamentais e sociais observadas nas meninas dos 10 aos 12 anos de idade e nos meninos dos 10 aos 14 anos de idade, em média. A adolescência é a fase que marca a transição entre a infância e a idade adulta, caracterizada por alterações nos  níveis físico, mental e social.

No artigo de revisão de literatura “Atividade física na adolescência: revisão sistemática”, os autores relatam evidências de que a prática da atividade física na adolescência, aliada a outros fatores, pode atuar como “efeito protetor” contra doenças, como a hipertensão arterial sistêmica (WAGMACKER & PITANGA, 2007).  Além disso, há evidências de melhora na capacidade cardiorrespiratória e na resistência muscular à fadiga, manutenção da composição corporal e da saúde óssea (CESCHINI et al,2009), prevenção da osteoporose na idade adulta (SIQUEIRA et al, 2009), redução de sintomas de depressão (ADENIYI, 2011), proporcionando bem estar psicológico (REES & SABIA, 2010).

Brownell (1995) afirma que, "além dos benefícios fisiológicos, o exercício físico gera efeitos psicológicos positivos, tais como melhora do humor, redução do estresse, aumento da autoestima devido à melhora da auto eficiência e esquemas cognitivos que favorecem o raciocínio otimista”.

Tucker & Friedam (1989) afirmam que “a inatividade física constitui-se no fator mais importante para o desenvolvimento da obesidade. Estudos envolvendo indivíduos jovens confirmam que o nível de atividade física está inversamente relacionado à incidência de sobrepeso e obesidade” e segundo Fernandes (2010) o sedentarismo se constitui fator predisponente ao acúmulo de massa corporal total e à obesidade abdominal.

Segundo outros autores, a atividade física não deve se limitar ao desenvolvimento muscular, pois o corpo não pode ser considerado apenas um conjunto de ossos e músculos a serem treinados e sim como a totalidade do indivíduo que se expressa através de movimentos, sentimentos e ações. Ela propicia o desenvolvimento físico e mental, assegura o equilíbrio orgânico, melhora a aptidão física. Além disso, os exercícios adequados podem estimular o espírito comunitário, a criatividade e outros aspectos que concorrem para completar a formação integral da personalidade do indivíduo.

Dr. Maurício Castro de Souza Lima, médico da Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP) descreve em seu artigo “Atividade física na adolescência” o desconhecimento  de alguns profissionais da área de saúde, que orientam de maneira inadequada a prática de atividade física.  Segundo ele "é comum encontrarmos adolescentes de uma mesma idade, sendo submetidos a exercícios físicos semelhantes, não se respeitando o padrão de desenvolvimento individual. Este fato pode causar danos não só ao corpo, como também agravar dificuldades de ordem psicológica”. Por outro lado, devido a busca por um "corpo ideal", muitos jovens se utilizam de condutas inadequadas por falta de conhecimento e afetam vários aspectos relacionados à saúde.

Seguindo essa linha de raciocínio, o Studio Prátik desenvolve um trabalho específico, individualizado, com exercícios posturais, cardiorrespiratórios, de propriocepção e neuromusculares, de acordo com as necessidades fisiológicas e ortopédicas, adaptados à cada faixa etária.

Os exercícios posturais visam desenvolver a postura adequada ou corrigir a postura inadequada assumida ao longo do dia, devido às posições mantidas por muito tempo enquanto os jovens manuseiam seus celulares, laptops ou assistem TV. Na fase do estirão (crescimento extremamente rápido da estatura) podem surgir fortes dores articulares, alterações no centro de gravidade, na coordenação motora e na força muscular.

Os exercícios cardiorrespiratórios são importantes para a melhoria do condicionamento físico, voltado à saúde ou ao refinamento esportivo, por meio dos aparelhos ergométricos, das caminhadas e corridas na rua, das aulas de dança e outras atividades aeróbias.

O aluno é orientado a realizar o teste ergométrico no cardiologista para o cálculo ideal de sua frequência cardíaca (FC) alvo, determinando o limiar inferior e o limiar superior de treinamento e também para receber o aval por escrito (atestado médico), liberando-o para a prática da atividade física eficaz e segura. Durante as aulas nos ergométricos ou atividades a FC é monitorada para que o aluno permaneça em sua zona de treino e, com isso, obtenha os ganhos em seu desempenho.

Os exercícios de propriocepção e equilíbrio são importantes para posicionar melhor as estruturas corporais no espaço e auxiliar, principalmente na fase do estirão quando o aluno sente grande dificuldade na localização e no posicionamento desses segmentos. Sua autoimagem e autoestima podem ser alteradas e até influenciar no comportamento. A propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, permitindo a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. 

Os exercícios neuromusculares têm como objetivo a melhoria da resistência e força muscular e são realizados com as sobrecargas de trabalho graduais, inicialmente com o peso do próprio corpo, preparando as articulações, músculos, ligamentos e tendões para então, após a fase de adaptação, aumentar a intensidade de trabalho baseada na avaliação física inicial e na sua evolução, durante as sessões de treinamento. O treinamento de ganho de massa muscular e força seguem as etapas do crescimento, do desenvolvimento físico e motor. Caso necessário, profissionais multidisciplinares como ortopedista, endocrinologista, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo são indicados.

O treinamento funcional visa o trabalho muscular do centro de força do corpo (região do CORE) para as extremidades. Os exercícios são dinâmicos e reproduzem movimentos fundamentais do homem primitivo, executados também no cotidiano do homem moderno por meio das habilidades do agachar, pular, avançar, abaixar, puxar, empurrar, levantar e girar, desenvolvendo as capacidades físicas de força, velocidade, equilíbrio, agilidade, coordenação, flexibilidade e resistência, integradas de forma a proporcionar ganhos significativos de performance para o indivíduo em sua atividade específica.

As aulas de flexibilidade visam o aumento de amplitude articular, o alívio de tensões musculares e previnem lesões, dores e desconfortos. Facilita os movimentos corporais e a realização das atividades diárias simples, como abaixar para amarrar um tênis. Associada as técnicas de relaxamento, tem a finalidade de restaurar as energias físicas e mentais; de reduzir os níveis de ansiedade, fadiga e estresse; de aumentar a produtividade, o raciocínio e de melhorar a qualidade do sono.

O conhecimento técnico e científico nos auxilia a elaborar o plano de treinamento adequado às exigências dessa fase de profundas transformações. Se esse plano for executado de forma displicente ou inadequada poderá acarretar sérios problemas à saúde, muitas vezes irreversíveis.

 

Ângela Schiezari Garcia

 

CREF 000690-G /SP - CREFITO 162573-F

Educadora física e fisioterapeuta

Osteopata, terapeuta self-healing e de leitura biológica

Terapeuta Floral - Joel Aleixo

  

Studio Prátik – Rua Pedro Vaz, 291 – Centro

São Roque – SP – CEP: 18130-490

Fone: (11)4784-6289

  

Referências bibliográficas:

Adeniyi AF, Okafor NC, Adeniyi CY. Depression and Physical Activity in a Sample of Nigerian Adolescents: Levels, Relationships and Predictors. Child Adolesc Psychiatry Ment Health 2011; 5(1):16.

Brownell, K. D.Exercise and obesity treatment: psychological aspects. Int. J. Obes. 1995; 19:S122-S125.

Ceschini FL, et al. Atividade física e saúde: importância dos statements para a prática de atividade física em crianças, adolescentes, adultos e idosos. Revista Brasileira de Ciências da Saúde 2009;VII,(21):6-9.

Fernandes RA, Casonatto J, Christofaro DGD, Buonani C, Oliveira AR, Freitas Júnior IF. Influência da atividade e inatividade física na composição corporal e adiposidade central. Motriz 2010; 16(1): 43-49, 2010.

Rees DI, Sabia JJ. Exercise and adolescent mental health: new evidence from longitudinal data. J Ment Health Policy Econ 2010; 13(1):13-25.

Siqueira FV, et al. Prática de atividade física na adolescência e prevalência de osteoporose na idade adulta. Rev Bras Med Esporte 2009; 15(1):27-30.

Tucker LA & Friedman GM. Television viewing and obesity in adult males. Am. J. Public Health 1989; 79: 516-8.

Wagmacker DS, Pitanga FJG. Atividade física no tempo livre como fator de proteção para hipertensão arterial sistêmica. Rev Bras de Ci e Mov 2007; 15(1):69- 74. 

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