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Ângela Schiezari Garcia

Autor: Ângela Schiezari Garcia

Olimpíadas Parte 1 - Origem, princípios e curiosidades.

13/6/2016 - São Roque - SP

 

As Olimpíadas tiveram sua origem na Grécia Antiga, incentivadas tanto pela importância que os gregos davam aos esportes e a manutenção de um corpo saudável quanto pela busca de religiosidade, paz, amizade e bom relacionamento entre os povos.

Em 776 a.C. foram realizados os Jogos Olímpicos pela primeira vez, de forma organizada com participação de atletas das cidades-estados gregas, que  se reuniram na cidade de Olímpia para disputarem diversas competições esportivas como o atletismo, a luta, o boxe, a corrida de cavalos e o pentatlo (luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Os vencedores eram recebidos como heróis em suas cidades e ganhavam uma coroa de louros, ou láurea, símbolo de vitória, distinção e glória.

Curioso é constatar que mesmo com tantos ideais em torno da união e respeito ao outro desde aquela época, a história nos mostra a importância da dominação e da conquista de terras e de poder. Os romanos, por exemplo, invadiram e dominaram a Grécia no século II e erradicaram muitas das tradições gregas, entre elas as Olimpíadas.

Em 1896, os Jogos Olímpicos foram retomados em Atenas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, conhecido com o Barão de Coubertin. Nessa primeira Olimpíada da Era Moderna participaram 285 atletas de 13 países.

A Bandeira Olímpica foi criada pelo Barão Pierre de Coubertin em 1914. É constituída por cinco anéis entrelaçados que representam os cinco continentes e até hoje suas cores simbolizam a união entre povos e raças.

Em 1916, em função da Primeira Guerra Mundial, os Jogos Olímpicos foram cancelados, assim como nos anos de 1940 e 1944, durante da Segunda Guerra Mundial.

As Olimpíadas passaram a ser um cenário de projeção internacional em que grandes líderes obtiveram status, clima propício para manifestações políticas que desvirtuaram seu principal objetivo: promover a paz e a amizade entre os povos.

Nas Olimpíadas de Berlim (1936), o chanceler alemão Adolf Hitler, movido pela ideia de superioridade da raça ariana, não ficou para a premiação do atleta norte-americano negro Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro nos 100 e 200 m rasos, no salto em distância e no revezamento 4x100 m.

Nas Olimpíadas da Alemanha em Munique (1972), um atentado do grupo terrorista palestino Setembro Negro matou 11 atletas da delegação de Israel. A partir deste fato, todos os Jogos Olímpicos passaram a ter maior preocupação com a segurança dos atletas e dos envolvidos nos jogos. Em plena Guerra Fria, os EUA boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscou (1980) em protesto contra a invasão do Afeganistão pelas tropas soviéticas. Em 1984, a URSS não participou das Olimpíadas de Los Angeles, alegando falta de segurança para a delegação de atletas soviéticos.

Kosovo e Sudão do Sul tiveram seus Comitês Olímpicos Nacionais (instituições máximas em nível nacional do Movimento Olímpico no mundo, sujeitas ao controle do Comitê Olímpico Internacional - COI, responsáveis por organizar a participação de seus países nos Jogos Olímpicos - CON) reconhecidos em 2014 e 2015, respectivamente para estrear nessas competições. Em outubro de 2015 o Kuwait foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) pela segunda vez em cinco anos devido a interferências do governo no Comitê Olímpico do país.

Devido a crise migratória na Europa e por outras razões, o COI vai permitir que determinados atletas disputem os jogos como independentes, sob a bandeira olímpica. Em Jogos Olímpicos anteriores os refugiados não eram elegíveis para competir devido à impossibilidade de representar seus respectivos Comitês Olímpicos Nacionais.

Em 2 de março de 2016, o COI criou uma equipe específica de Atletas Olímpicos Refugiados (ROA), sendo que entre 43 atletas refugiados considerados potencialmente elegíveis, de cinco a dez serão escolhidos para formar a equipe.

Atualmente há 206 CONs representando tanto nações soberanas quanto outras áreas geográficas. Todos os 192 membros da Organização das Nações Unidas participam do COI, além de quatorze territórios.

No esboço dessa breve retrospectiva já se pode imaginar a riqueza de detalhes em cada nuance do conteúdo. De Atenas às grandes guerras, do ouro ao bronze, das lutas para superação de forma lícita ou com uso de anabolizantes, dos princípios éticos e filosóficos à ganância pelo poder.

A ideia de reflexão sobre o tema vem de encontro ao momento político mundial e, sobretudo, o nacional, em que os valores mais profundos da essência humana estão sendo sobrepujados por uma ambição desmedida.

E tristemente testemunhamos a busca pela vitória a qualquer preço, a conquista de medalhas sem o cumprimento leal das regras, que desvirtuam os princípios que nortearam o início dos Jogos Olímpicos da Antiga Grécia.

 

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