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Thiane Ávila

Autor: Thiane Ávila

Minhas emoções vizinhas

13/3/2017 - São Roque - SP

Hoje, meus sentimentos se esbarram nas esquinas como desconhecidos íntimos. Não respeitam os sinais e nem parecem estar preocupados com o perigo à frente. Nas inquietações do peito, derramo como quem caiu de joelhos no chão, chorando as possibilidades inacabadas. Lembrando, num exercício de masoquismo, tudo o que o amor poderia, mas não fez. Me deparo, pois, em sutilezas que nem eu mesma sabia ser capaz de captar, observando, no brilho do meu olhar, o reflexo no espelho que aponta pra tanta alegria e tristeza fundidas. ,

Nessa estrada que difama meu amor-próprio, já passei por obstáculos que me deixaram atordoada. Tonta pela lucidez fria de quem me olhava, eu simplesmente não soube parar. Com uma sensibilidade beirando à estupidez, abafei palavras e contive o choro na esperança de fazer o outro feliz. Infantilidade a minha pensar que a solução dos problemas de alguém que não sou eu esteja em mim. Burrice a minha sempre confiar na redenção depois de um abraço apertado e de uma promessa feita com o coração de que tudo ficará bem - ainda que as ações, em alguns momentos, não possam muito. Amar sempre me pareceu tão aconchegante.  O amor é mesmo um jogo de sorte, uma loteria infeliz dos corações transeuntes. 

É verdade que, nessas idas e vindas, encontros e desencontros, esbarrei com muita gente que parecia gostar realmente de mim. Me vi, como mencionei, sendo sorteada na loteria dos amantes. E o mais engraçado é que eu não quis receber o prêmio - ou não estava preparada. Poucas vezes pude compartilhar meus problemas, mas quase sempre fui suporte para que problemas se apoiassem em mim. Que felicidade poder dar segurança, mas toda a base precisa de manutenção - não lembro quando foi a minha última.

Estou amarrotada de tralhas sentimentais, de angústias intermináveis. Manipular os sentimentos nunca foi meu antídoto, ainda que, em momentos de extrema agonia, já tenha querido colocar pedra onde tem flor. Chegará o tempo da bonança e do sossego dos que suam intensidade. Que o meu peito não sossegue em amar, que minha paciência não se acomode no meu egoísmo. Vou continuar sendo o que o corpo treme para ser. Só espero, de todo o coração, que as pessoas aprendam mais a regar do que a colher. Nós tentamos nos manter de pé, mas, certas vezes, as pernas cambaleiam e o equilíbrio se perde. Hoje sou estilhaços. Amanhã serei nova construção.

 

THIANE ÁVILA.

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