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Rogério de Souza

Autor: Rogério de Souza

HOJE A AULA É NA RUA: dia de luta em São Roque

10/4/2017 - São Roque - SP

No dia 31/03, dia caracterizado pelo Golpe de 1964 e, a partir de agora, por manifestações em todo o país contra as medidas do governo de Michel Temer, a cidade de São Roque (SP) promoveu uma série de atos pelas ruas do município.

Convocada por diferentes entidades atuantes na região – Frente Popular de São Roque, Sindicado dos Professores das Escolas Públicas Municipais (SIPROEM), Sindicado dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), União Regional dos Estudantes (URE), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) e Intersindical -, as atividades contra as Reformas da Previdência e Trabalhista e a Lei de Terceirização iniciaram às 10h30. Mesmo sob ameaça de sofrer sanção de falta injustificada (circular emitida pelo poder local), docentes da Rede Municipal compareceram e votaram pela adesão à Greve Geral agendada para o dia 28 de abril. Em alto e bom som, o recado às autoridades é o de que haverá luta e esta não se restringirá ao dia de hoje.

Estudantes e professores da Rede Estadual juntaram-se ao grupo e panfletaram pelas ruas da região central conversando e explicando à população as consequências das reformas e leis pretendidas e aprovadas pelo governo Temer. A atenção e interesse da população são-roquense surpreendeu alguns dos jovens e rapidamente ecoou-se um “Fora Temer”. Parte dos transeuntes, indignados com as medidas do governo federal que prejudicam especialmente os mais pobres também gritaram “Fora Temer”.

Na praça central (da Matriz), os professores e estudantes das Redes Municipal e Estadual foram recepcionados pelos alunos do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Assim, mais de duzentos manifestantes saíram pelas ruas da cidade esclarecendo sobre os malefícios causados pelas reformas e leis de Temer.

Após 45 minutos de caminhada, os manifestantes reuniram-se no Centro Cultural e Educacional Brasital, uma antiga fábrica construída no final de século XIX. Em uma Assembleia provocada pela URE, os presentes lembraram que além dos problemas nacionais (Reformas da Previdência, Trabalhista, do Ensino Médio, PEC 55 e Lei de Terceirização), questões locais precisariam ser discutidas, principalmente a perseguição aos servidores públicos que participam de manifestações contra a tentativa de usurpar os direitos dos brasileiros; a qualidade e falta das merendas oferecidas nas escolas públicas; a qualidade do transporte público; e a interrupção dos cursos culturais da Brasital. Dessa forma, concordaram que aquele protesto deveria pressionar os vereadores para esses problemas serem sanados.

Sob sol forte e desbravando as conhecidas ladeiras da Terra do Vinho, os manifestantes caminharam até a Câmara de Vereadores de São Roque. Lotando o plenário, foram recebidos, às 15h, por quatro vereadores. Estes ouviram atentamente as reivindicações e se comprometeram a dar uma devolutiva, o mais rápido possível, aos movimentos sociais da cidade.

A determinação da juventude e o grau de conhecimento sobre as medidas do governo Temer se destacaram. Um dos vereadores tentou intimidar um dos jovens expositores questionando sobre as consequências da Reforma da Previdência. O estudante, de maneira brilhante, expôs a dificuldade das novas gerações contribuírem por 49 anos consecutivos para pleitear a aposentadoria integral; a injustiça de determinar a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres (vítimas da jornada dupla) se aposentarem; e o fato que algumas grandes empresas sonegarem o pagamento da Previdência Social.

Esses manifestantes, especialmente os jovens, deram uma aula de cidadania e demonstraram que no mundo atual a rua é, em alguns momentos, a melhor sala de aula. Portanto, “hoje a aula é na rua”.

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