ColunistasCOLUNISTAS

Davi Junior

Autor: Davi Junior

Ryan Reynolds foi um Lanterna Verde tão ruim assim?

24/5/2017 - São Roque - SP

Olá, fãs de cultura pop!

Ryan Reynolds não teve muita sorte quando entrou no universo do cinema nerd. Primeiro, em X-Men Origens: Wolverine, a Fox Film enfiou o ator num Deadpool que nada tem a ver nem com a sombra do personagem. Depois, antes do ator investir dinheiro do próprio bolso para bancar um filme decente do herói tagarela, entrou na pele de um Lanterna Verde que é sinônimo de filme mal feito até hoje.

Mas a culpa não foi do ator. Em todas as vezes que foi escalado para papeis de super-heróis, ele se dedicou ao máximo e fez um bom trabalho. Tanto em X-Men Origens como em Lanterna Verde, foi o mal constuído roteiro que não ajudou ator, heroi e obra.

Fique abaixo com minha análise em 1 minuto de Lanterna Verde e depois com a análise do filme em texto.

Até mais!

 

 

Se pararmos para contar a quantidade de filmes de super heróis que foram para a tela dos cinemas nos últimos anos, os dedos das mãos (mesmo apelando com os dos pés!) são serão suficientes para chegar até o total de produções. Os números são ainda mais monstruosos se comparados a quantidade de filmes de antes dos anos 2000. Em pleno século XXI, o Lanterna Verde mistura todos os elementos da velha e da nova guarda para criar um filme regular, mas que agrada.

O “UM ANEL”

“No dia mais claro,
Na noite mais densa,
O mal sucumbirá ante a minha presença
Todo aquele que venera o mal há de penar
Quando o poder do Lanterna Verde enfrentar!”

É com este juramente que Hal Jordan, um piloto de avião ousado acaba tendo sua vida transformada completamente após salvar um alienígena de roupa militar que lhe confiou um anel verde que o transformaria no guardião do setor espacial n° 2814 sob a alcunha de Lanterna Verde.

Fiel aos quadrinhos, a produção de 2011 levou até os cinemas o herói mais famoso da Tropa dos Lanternas Verdes, que assim como nos quadrinhos sofreu diversas transformações até ser formatado no personagem visto nas telonas.

Criado em 1940, Alan Scott criou um anel de energia verde a partir de um vestígio caído na Terra do Coração Estelar, artefato que a Tropa dos Lanternas Verdes criou para concentrar toda a “Vontade” do universo, considerada força de energia mais poderosa do universo. Pela cor da energia, o herói se intitulou Lanterna Verde.

Ok, ok. Se o filme é fiel aos quadrinhos, porque o enredo da origem dos quadrinhos é tão diferente da dos filmes? Simples, pois o Lanterna Verde mostrado nas telonas é o personagem mais famoso de todos os 5 humanos que já usaram os anéis da Tropa, o Lanterna Verde Hal Jordan.

A mitologia do herói é tão rica que por si só daria uma tremenda saga espacial nos cinemas.

Mesmo esta origem de Alan Scott foi uma adequação ao roteiro mais maduro e mais criativo que passou a ser utilizado a partir dos anos 60, quando Hal Jordan e toda a mitologia da Tropa dos Anéis foi criada e fez com que o herói (que até então vestia roupas vermelhas) caísse no gosto do público americano.

Depois de Hal, o anel ainda foi parar nos dedos de Guy Gardner, John Stuart e por fim Kyle Rayner. Todos estes personagens foram necessários nos quadrinhos para que o herói fosse adequado e readequado para os públicos ou aos gostos dos diversos autores que já colocaram a mão no herói.

Tais adequações parecem ser um eterno karma do herói, visto que seu longa sofreu de problemas parecidos com sua história nos quadrinhos.

DESISTINDO DE TUDO

Dirigido por Martin Campbell, que conta com um histórico dividido entre pérolas e diamantes, o filme começou com suas oscilações logo antes de sua estréia, com dois trailers muito divergentes entre si, um mostrando um filme maduro e denso e outro mostrando um herói pateta que provoca risadas forçadas no público.

É possível que com o sucesso dos filmes da Marvel Studios, que abusam da simpatia dos heróis, e dos filmes de Christopher Nolan, que tem a profusão de enredo e a realidade ficcional como palavras-chave, o diretor tenha tentado mostrar que o filme conseguiria agradar a ambos os públicos, uma tentativa frustrada, já que o Lanterna Verde mistura tantos conceitos dos filmes de super-heróis que já não se consegue encontrar as tentativas de referências aos seus concorrentes.

Sinestro foi o destaque do filme.

Assim como o protagonista do filme faz na história, a impressão que o filme deixa ao seu final é que muita coisa tentou ser feita, foi começada e foi desistida de ser concluída no meio do caminho. Vários elementos de filmes massivos estão presentes mas não foi fortes o suficiente para conquistar o público, como o romance entre Hal e Carol Ferris ou os conflitos de personalidade entre heróis e vilões.

Não só as várias seqüências do filme, mas o longa inteiro também segue tal premissa: com um início motivador, bem construído e cheio de elementos que poderiam resultar num novo clássico dos cinemas, o longa aos poucos vai abandonando a família, a profissão, a politicagem, a repercussão de seu aparecimento e a Tropa dos Lanternas que ficaram tão fortemente marcadas nos primeiros 30 minutos do longa.

MEDO VS VONTADE

A grande lição que o filme traz é a superação do “medo” a partir da “vontade”, as duas energias mais poderosas do universo contrárias uma a outra, tendo uma tanta profanação quanto a outra tem de nobreza.

Uma metáfora simples, porém perfeita para contar a história de um personagem irresponsável como Hal Jordan torna-se um mero detalhe com o passar do longa, quando seqüências mal ligadas transformam o filme num festival de efeitos especiais.

Efeitos especiais são muito bem-vindos quando dão vida a mitologia do herói, recriando o planeta Oa e os extraterrestres que formam a Tropa dos Lanternas, que sem sombra de dúvida é o total destaque do filme, juntamente com os atores que interpretaram os instrutores de Hal, Tomar-Re (dublado por Geoffrey Rush), Kilowog (dublado por Michael Clarke Duncan) e Sinestro (Mark Strong), que apesar de tão bem atuado, teve uma participação muito pequena pela história.

O maior vilão do universo do herói foi uma escolha um tanto quando prematura.

Mas é peculiar quando os efeitos especiais são utilizados para recriar conceitos de filmes de super heróis dos anos 70 e 80, quando o exagero é fundamental para dar origem aos poderes do herói.

Não são raras as vezes que vemos o herói do filme usar a energia do herói para criar metralhadores, pistas de carrinhos, jatos, redes e tantas outras bizarrices que são aceitáveis em desenhos animados, mas deixam o tom do filme, até então muito sério, um tanto quando popularesco e banal.

Estes elementos são ruins, assistir Superman com Christopher Reeve ainda é uma delícia, e muitos dos artefatos de energia do Lanterna são legais de ver, pois são a materialização da narrativa dos quadrinhos num live-action, mas a mistura de diversos elementos acaba prejudicando o filme.

VENCENDO SEM VENCER

É possível que a direção do filme não se perdesse tanto no decorrer do filme se não tivesse escolhido um vilão mais adequado para um início de história. Parallax é uma entidade suprema no Universo do Lanterna Verde, sendo o tipo de vilão que não é vencido, apenas engavetado, de tão forte que é o seu conceito atrelado a energia do “medo”. Assistir a um herói iniciante vencer tal monstro quando todos os seus veteranos desistiram é algo que condiz com a mensagem do filme, mas ainda assim é algo forçado.

Tão forçado quanto o ator do herói, Ryan Reynolds, que parece estar fazendo uma comédia simples ao invés de um filme de super herói aguardado por gerações. Ou ainda mais forçado que a máscara que criaram para o personagem, que consegue não consegue convencer como uma peça criada por uma tecnologia alienígena avançada.

Apesar da adaptação do uniforme ter sido uma dos melhores que o cinema já viu, a máscara do herói foi uma peça muito forçada…

Apesar de gostoso de assistir e finalizando com uma mensagem interessante, o filme é apenas uma tentativa de emplacar uma boa produção de super herói nos cinemas, fazendo do filme uma produção simplista numa época em que se pedia algo sofisticado. Um filme feito para o dia mais claro, quando os longas de super heróis vivem a sua fase mais densa.

Compartilhe no Whatsapp