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Flaviana Souza

Autor: Flaviana Souza

Tecnologia dentro dos museus: aliada ou inimiga?

16/7/2017 - São Roque - SP

Os equipamentos culturais, principalmente museus e galerias, sempre passaram por grande dificuldade para atrair o público adolescente e jovem. A era digital dificultou ainda mais esse desafio. Competir com um celular com pacote de dados não é nada fácil para aquele educador de museu que tenta explicar o contexto histórico que levou à criação daquela obra. Adaptando-se às novas demandas, muitos espaços implantaram tecnologias que difundem o conteúdo de forma mais interativa. Lembram-se do Museu da Língua Portuguesa?

Mas, o tempo para a tecnologia parece correr de modo diferente ao tempo de nossos relógios. De modo muito rápido, essas tecnologias aplicadas em museus estão ficando ultrapassadas e desinteressantes. Atualmente, obter conhecimento por meio de telas touch screen não é mais atrativo. É preciso reinventar mais uma vez.

O diretor da Olson Kundig, agência de design especializada em eventos culturais, Alan Maskin acredita que o investimento dos equipamentos culturais deve ser em realidade aumentada. Para ele é a tecnologia que tem "o maior potencial para mudar os museus" devido à importância que a narrativa tem atualmente para envolver o público juntamente com as redes sociais.

Para Kurt Haunfelner vice-presidente de exposições e coleções no Museu de Ciência e Indústria, em Chicago, "Os administradores dos museus são conscientes de que as expectativas de seus públicos estão mudando bastante dramaticamente e eu acho que eles estão empenhados em experimentar protótipos e abordagens diferentes para engajar o público".

Parece que a tecnologia veio para ficar e impulsionar os museus, será?

 

Caso Gibbs e o FaceApp

Olly Gibbs é um ilustrador londrino que, em viagem ao Amsterdã, assim como a maioria dos turistas, pegou seu celular dentro do Rijksmuseum (guardião de algumas das obras mais importantes do país) para explorar o lugar e talvez tirar algumas fotografias. Mas para alguém criativo como Gibbs, uma simples fotografia não era o que ele queria, sua vontade era observar o que acontecia às obras  quando expostas ao aplicativo FaceApp.

O FaceApp é um aplicativo popular que se assemelha às lentes do Facebook e Snapchat. O seu diferencial é o uso de inteligência artificial para editar as selfies, deixando os rostos mais novos, atraentes ou até engraçados. Claro que belos e divertidos sorrisos foram acrescentados por Gibbs em obras algumas obras.

"Minha namorada achou que seria engraçado dar uma animada neles", disse Gibbs. "Passamos um bom tempo no museu procurando pelos rostos mais carrancudos."

 

Mas Gibbs e a namorada absorveram algo do que viram ou realmente só buscaram carrancudos para animá-los? Será que todo esse anseio de entreter criando métodos que envolvam verdadeiros espetáculos dentro dos espaços museais vai de encontro ao objetivo de um museu?  Para Elizabeth Rodini, diretora dos museus e dos programas sociais da Universidade John Hopkins, no entanto, o processo poderá também ter consequências negativas: 'É importante que os museus respondam às audiências. No entanto, se a tendências for apenas entreter e satisfazer ao máximo o público, isso poderá acarretar na mudança de objetivo - pode perder-se a preocupação com a arte e a história a favor do entretenimento".

E lá estão mais uma vez os museus enfrentando seus desafios diários.

 

Ah, veja o resultado das fotos de Gibbs aqui.

 

REFERÊNCIAS:

Tecnologias impulsionam museus - http://www.revistawide.com.br/tecnologia/tecnologias-impulsionam-museus

Jovem usa app para transformar obras de arte 'carrancudas' em sorridentes - http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-39956786

 

 

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