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Albertino Lima Ribeiro

Autor: Albertino Lima Ribeiro

E o livre mercado bradou: Dependência ou Morte!

7/9/2017 - São Roque - SP

"Ouviram do Ipiranga às margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante”

Das margens calmas do Rio Ipiranga, Dom Pedro I gritou a nossa independência de Portugal, mas a nossa metrópole impôs uma condição, ou seja, ser livre dependeria que o Brasil aceitasse um outro tipo de submissão. Dito de outro modo, teríamos de aceitar o julgo da dívida que a coroa portuguesa havia contraído da Cora Inglesa. Sendo assim, Dom Pedro I aceitou essa condição, fazendo com que o Brasil já nascesse devendo algo sem contrapartida e que não era seu.

Ao longo da história, a divida pública brasileira vem sendo um obstáculo ao desenvolvimento econômico e social do país , mas é a partir da década de setenta com o choque do petróleo e  a alta das taxas de juros internacionais, que a dívida se transforma numa bola de neve e num rolo compressor da nossa economia.

Na década de 80, por estar impagável, o governo Sarnei declara a moratória. Em razão disso, ocorrem graves consequências para a economia brasileira que ficou sem crédito e precisou pedir ajuda ao FMI. Porém, a referida instituição estava mais preocupada em garantir os recebíveis dos credores do que socorrer a economia e melhorar as condições de vida da população brasileira.

Chegamos então à década de 90 onde finalmente o “dragão da inflação” foi derrotado. Com o plano Real, o país alcançou a estabilidade desejada, “mas nem tudo foi flores”. A estabilidade teve um  alto custo, pois a taxa de juros do Brasil tornou-se  a mais alta do mundo e chegou aos 48% ao ano logo após a crise da economia  Russa em 1998.

A política das altas taxas de juros fez com que a dívida pública chegasse a R$987 bilhões, o equivalente a 57% do PIB.

Naquele decênio, aconteceram  manifestações contra o pagamento da dívida pública. Lideradas por instituições de credibilidade como OAB e a Auditoria Cidadã da Dívida, essas instituições pediam a auditoria da dívida pública dada a nebulosidade de sua origem e das cláusulas visivelmente desvantajosas para o Brasil.  

Ficava cada vez mais  notório que estávamos  sendo explorados e tendo nossas riquezas levadas, não mais por uma metrópole  que tinha um lugar fixo no planeta e existia concretamente, mas agora estávamos sob o domínio de um ente virtual e etéreo chamado mercado financeiro internacional. Este, muito mais insensível e sedutor, mantém o Brasil ainda dependente.

Aquele pequeno embrião de dívida que nasceu junto com o novo país tornou-se um gigante em plena atividade que através de um sistema de dívida controla as políticas econômicas dos governos que até agora tem passado por aqui, independente destes  serem de esquerda ou direita.

A Auditoria Cidadã da Dívida estima que 70% da nossa dívida pública seja ilegal. Com efeito, se fôssemos independentes do capital financeiro internacional, teríamos condições de canalizar recursos e quebrarmos as correntes que nos aprisionam, isto é, a pobreza, o serviço de saúde precário, a  educação deficitária, a falta de saneamento e o desemprego.

Contudo, não tivemos, ainda, um governo que conquiste com braço forte a nossa independência, exigindo uma auditoria que nos permita pagar, apenas, o que é justo. Não estamos falando de calote! Estamos falamos de pagar somente o que devemos e nada mais!

A maioria dos cidadãos dessa antiga Terra de Vera Cruz não é contra economizar recursos e administrar o dinheiro público de forma responsável. Ninguém em sã consciência seria a favor de que o estado brasileiro torre o orçamento público e deixe de pagar os seus compromissos, porém não queremos deixar de alimentar nossos filhos e melhorar a qualidade de vida do nosso povo, pagando uma dívida abusiva que torna a nossa mãe cada vez menos gentil com os seus próprios filhos.

            Ó pátria amada, Idolatrada, salve! Salve!

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