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Albertino Lima Ribeiro

Autor: Albertino Lima Ribeiro

“A melhor política pública é o emprego”. Será?

2/12/2017 - São Roque - SP

Essa frase do ex-presidente americano Ronald Reagan ainda é dita por várias pessoas no mundo todo, mas tal afirmativa não resiste a um exame cuidadoso da realidade econômica de países em desenvolvimento como o Brasil. Ademais, emprego não se cria por decreto, pois depende de um amplo e complexo contexto sócio econômico.

Segundo o IBGE, o desemprego recuou para 12,4% no terceiro trimestre de 2017. O resultado serve de alento, principalmente em um momento de incertezas porque passamos. Contudo, ainda ha um longo caminho rumo a uma situação que todos nós desejamos que é o pleno emprego.

O interessante é que ao lermos a palavra “pleno emprego” somos levados a pensar em uma situação onde toda a mão de obra disponível de um país estivesse empregada. Contudo, embora pareça contraditório, uma situação de pleno emprego ainda mantém um percentual entre 2% e 4% dos trabalhadores desempregados. Tal fenômeno deve-se a existência de algumas formas de desemprego que é fruto da própria lógica capitalista. Existe, por exemplo, o desemprego friccional que ocorre por não haver uma absorção automática do mercado de trabalho quando uma pessoa sai de um emprego para outro. O desemprego também pode ser fruto da sazonalidade,  comum na agricultura e no setor de hotelaria. Por sua vez, existe o desemprego estrutural que é gerado pelo aumento da mecanização e automação da economia.

Para enriquecer um pouco o assunto, alguns economistas da linha monetarista recomendam até mesmo a manutenção de uma taxa permanente de desemprego. Segundo eles, tal política evitaria uma valorização dos salários ao ponto de provocar uma conjuntura inflacionária. Em certa medida, tal postulado coaduna com a teoria Marxista que postula a necessidade de existir um exército de desempregados no sistema capitalista. Esse exército, não intencionalmente, é claro, teria a função de evitar que os salários ficassem supervalorizados. Tal situação, além de um processo inflacionário, provocaria também a queda no lucro das empresas.

Notem que, nem mesmo em uma situação de pleno emprego, as políticas públicas de transferências de renda são descartáveis. Imaginem então, uma situação onde o desemprego ainda esteja na casa de dois dígitos como é o caso brasileiro.

É muito importante que a sociedade entenda essa lógica interna do capitalismo, pois tal esclarecimento torna mais palatável a aceitação das políticas públicas e dos programas sociais promovidos pelo estado brasileiro.  Dito de outro modo, quando a sociedade entende que um certo grau de desemprego é parte integrante do processo, não faz sentido repetir frases prontas como se estivéssemos decorando um texto para atuar em um filme conservador à moda americana.

 

 

 

 

 

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