COLUNISTAS

Autor: Albertino Lima Ribeiro

Inflação : é verdade, ela está caindo!

8/2/2018 - São Roque - SP

A inflação em janeiro cai para 0,29%, o menor patamar desde a criação do plano real. Contudo, não há o que comemorar, pois a queda do índice é também reflexo do mau desempenho da atividade econômica e sobretudo do aumento do desemprego, pois uma das principais causas de uma pressão inflacionária é o aumento da demanda em função do aumento da renda das famílias.

“Alta constante e generalizada do nível de preços na economia”. Essa é talvez a definição de inflação mais conhecida pelos estudantes de economia. Contudo, o significado desse fenômeno monetário, ainda, não é muito bem compreendido pelo público em geral. É porque no dia a dia, as pessoas não conseguem captar uma tendência de queda da inflação. Devido a isso, muitos não conseguem esconder o ar de desconfiança quando é divulgado o índice. Dado o clima atual de desconfiança, a situação piora ainda mais porque o cálculo da inflação e sua divulgação é feita pelo IBGE que, a pesar de possuir grande credibilidade, é um órgão da administração indireta do governo federal cuja credibilidade está em baixa.

Mas, a pesar de todo um contexto negativo que depõe contra a credibilidade dos números, o IPCA – índice de preços ao consumidor amplo -  é digno de credibilidade, basta o cidadão entender sua metodologia e como a pesquisa  é feita. Para isso, o IBGE mantém acesso fácil a essa informação para toda a sociedade.

No site do IBGE é possível encontrar, além de fórmulas complexas, um guia prático, mostrando como é feita a ponderação dos produtos e serviços e o seu cálculo que , nada mais é,  que uma média ponderada de uma grande quantidade de itens que são adquiridos pelas famílias brasileiras.

Note que o resultado da inflação não é um aumento isolado do preço do feijão ou da conta de energia elétrica. Para o aumento ser considerado inflação ele deve ser constante e geral. São pesquisados vários itens tendo cada um  deles um peso específico. Enquanto alguns produtos sobem de preço, outros sofrem queda resultando em um índice que nem sempre vai representar de maneira  precisa  o consumo de uma determinada família, principalmente se a família em questão tem um padrão de consumo diverso da maioria.

Não obstante, você pode alegar que é possível que o valor divulgado não seja o valor que foi calculado. Contudo, esse argumento não é muito eficaz porque várias instituições calculam a inflação extraoficialmente, inclusive, empresas e economistas do mercado financeiro estimam todos os meses o nível de inflação. Ha casos, inclusive, em que as previsões do mercado ficaram abaixo do valor divulgado pelo IBGE.

Mas se ainda assim você desconfia porque está sentindo na pele o aumento do custo de vida, existe também uma maneira indireta de você verificar a veracidade do IPCA. Trata-se da tendência de queda da taxa de juros selic, que é a taxa básica de juros da economia.

O Banco Central é o órgão responsável pela política monetária e tem como uma de suas funções defender o valor da nossa moeda. Assim sendo, é impensável que o comitê de política monetária da autarquia decida por uma queda constante da taxa selic se não tiver certeza que a inflação está sob controle. Quando a inflação tende a aumentar, o banco segue o caminho contrário aumentando a taxa básica com objetivo de desestimular o consumo.        Seria importante  os cidadãos acessarem o site do IBGE e fazer o download do livrinho “Para compreender o INPC”. Com ele será fácil entender como funciona o cálculo e, dessa forma, poderão ter uma noção da sua própria inflação e conhecer, inclusive, quais são os principais vilões do seu bolso.