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Flaviana Souza

Autor: Flaviana Souza

Formas de ingressar no serviço público e como me tornei trainee em inovação na gestão pública

27/2/2019 - São Roque - SP

Formas convencionais de ingressar no serviço público

 

“Em quaisquer esferas somente os fortes sobrevivem. Os idealistas sofrem. Os legais adoecem. Os fracos frequentemente surtam sem dó. Os covardes fecham os olhos para não perderem vantagens. Os malandros encontram brechas para se beneficiarem. E as imundícias manipulam e se bandeiam para o lado das falcatruas, das sujeiras, do ilícito.” Essas palavras foram encontradas em um artigo de Régis Mubarak e com meu pouco tempo de experiência no setor público, entre sofrimento, adoecimento e momentos de surto (não literais mas internos), já tenho o entendimento de que ele está correto.

 

Mas, para os que, ainda assim, desejam ingressar nesse universo desafiador existem algumas formas de servir ao Estado. E as modalidades de contratação não são somente concurso e indicação (comissionado) como é de conhecimento da grande maioria. Sim, a forma de contratação mais conhecida é por meio de concurso público, quando o aspirante a servidor público é avaliado em uma prova ou ainda prova e títulos (nesta modalidade também são consideradas as formações acadêmicas do candidato) obedecidos a ordem de classificação e o prazo de validade, na forma prevista em lei. Após assinar com o governo, o funcionário ganha o título de servidor efetivo.

 

Quando falamos em indicação, estamos nos referindo ao cargo comissionado. O ingresso por meio dessa modalidade se dá por livre nomeação, ou seja, não existe um critério específico para a contratação basta ser indicado pelo dirigente do órgão. Mas, até aí a grande maioria já conhecia. O que pode ser novo para alguns é o ingresso para funções temporárias que acontece mediante aprovação em teste seletivo simplificado, lembrando que existe um período de três anos após nomeação do servidor que é  chamado de Estágio Probatório. Durante esse prazo o servidor é submetido à avaliação para verificar se o mesmo tem capacidade de exercer o cargo público.

 

E acabaram as formas de entrar no serviço público? Não! Vem conhecer a minha história e de outras centenas de jovens pelo Brasil afora.

 

Ser trainee no governo: como me tornei trainee em inovação na gestão pública

 

Antes de iniciar explicando o processo, é importante definir o que é trainee. O termo trainee vem da língua inglesa e pode ser traduzido como “aprendiz”, “estagiário” ou “em treinamento”. Os chamados programas de trainee oferecem um cargo em empresas para profissionais que ainda estão em processo de treinamento. Geralmente, esses profissionais são escolhidos por meio de processo de seleção. No Brasil, no entanto, existe uma expectativa maior por parte das empresas em relação aos trainees. Não é desejo da empresa apenas capacitar o funcionário, mas também prepará-los para uma futura liderança ou cargo estratégico dentro da companhia. Por isso os cargos de trainee são tão cobiçados entre os jovens universitários ou recém formados. E existe programa de trainee para gestão pública? Sim, existe!

 

A entusiasta de uma gestão pública mais eficiente e igualitária, Joice Toyota, fundou em 2015, em parceria com José Frederico Lyra Netto, a ONG Vetor Brasil: uma organização suprapartidária, sem fins lucrativos que atua em parceria com governos estaduais e municipais com o objetivo de atrair, avaliar e desenvolver jovens profissionais  para o serviço público.

 

A Vetor Brasil oferece um processo seletivo semestral composto por seis etapas das quais cinco são diretamente com a ONG e a sexta já envolve a participação do governo. O processo é 100% online para possibilitar a participação de todos os interessados sem restrições de localização geográfica.

 

As etapas que compõem a seleção de profissionais são: 1 – Cadastro de Informações Pessoais; 2 – Testes sobre os temas atualidades, português e lógica; 3 – Vídeo de Apresentação Pessoal; 4 – Desafio de Gestão Pública; 5 – Entrevista por Competências; e por fim 6 – Entrevista com Governos.

 

Os finalistas (título atingido ao término da etapa 5) passam a ser indicados para vagas disponibilizadas pelos governos (Etapa 6), que por sua vez, já haviam solicitado esses profissionais à Vetor Brasil e por esse motivo farão as entrevistas, também online, para a seleção final.

 

A grosso modo podemos fazer um paralelo da Vetor Brasil com uma headhunter com o seguinte diferencial: além da ponte entre profissional e governo, oferece capacitação continuada durante todo o período do contrato (geralmente um ano). Durante o ano que o trainee está no governo, participa de dois treinamentos presenciais de uma semana cada, em São Paulo; capacitações preparatórias online e videoconferências. Nessas capacitações são trabalhados três temas centrais: a gestão pública (ex.: orçamento, direito administrativo…), o desenvolvimento interpessoal (ex.: oratória, liderança…) e a diversidade (ex.: o feminino no setor público, o negro, o LGBT…). Além das capacitações, também são oferecidos programas de coaching e mentoring, parceria com psicólogos e apoio da própria rede de trainees dentro do eixo de desenvolvimento.

 

Dentro desse cenário, o governo do Espírito Santo firmou uma parceria com a Vetor Brasil para a contratação de trainees que pudessem atuar no desenvolvimento de inovação nos órgãos em que fossem alocados. E foi assim que eu entrei no governo estadual do EspÍrito Santo pela Vetor Brasil. Participei do processo seletivo que aconteceu no segundo semestre de 2017 e fui uma das 150 finalistas entre os 14 mil inscritos para o processo. Hoje faço parte de uma rede engajada e diversa que tem a missão de potencializar o setor público brasileiro e atuo no LAB.ges - Laboratório de Inovação na Gestão da Secretaria de Gestão e Recursos Humanos.

 

Se você se interessou e quer saber mais sobre a Vetor Brasil, pode buscar maiores informações no site http://www.vetorbrasil.org/.


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