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Davi Junior

Autor: Davi Junior

Você faria greve de sexo?

30/9/2012 - São Roque - SP

Em meio a uma guerra que se arrasta por décadas, homens e mulheres, atenienses e espartanos, sofrem com o desalento da dor da perda e ao mesmo tempo se acostumam com a ideia de que a batalha já faz parte do cotidiano. O filmes espanhol Lisístrata, faz a adaptação de uma peça grega escrita a milênios atrás, mas diferente dela, traz a visão perturbadora do que o mundo vê como comédia os textos pueris da comédia contemporânea.

Em 411 a.C., Aristófanes, o maior dramaturgo do século de Péricles, estava estafado com a condição a que a Hélade ficara com o fim da Guerra de Polopneso, onde Atenas e Esparta, mas duas maiores forças bélicas e econômicas da Grécia Antiga, travaram inúmeras batalhas por quase um século.

Assim, nasceu um texto do autor que, apesar de ser formatado como uma comédia, se mostrou deveras crítico a conformidade que o povo grego ficara diante da Guerra: parcial e inativo; desejoso do fim, porém resignado a sua condição.

Na história, as mulheres de Atenas, lideradas por Lisístrata (personagem que dá nome a história), decidem criar alianças entre todos os membros de sexo feminino de toda a Grécia, inclusive de Esparta, para realizar uma Greve de Sexo. Após dominarem a Acrópole da maior cidade-estado da Grécia, as mulheres informam aos homens que só terminariam com a greve, quandos todas as cidades assinassem uma acordo de paz.

Com uma temática tão atual e interessante aos olhos dos consumidores, não demorou para que a comédia Lisístrata ganhasse adaptções e versões nos meios de comunicação de última geração da atualidade, sendo o filme de 2002 produzido na Espanha e dirigido por Francesc Bellmunt, a mais notória adaptação.

 

Assim como todo filme produzido fora de Hollywood, os efeitos especiais não são grades coisas, sendo as cenas de guerra gravadas com o maior tom de casualidade, o que acaba também por reforçar a caraterística de comédia da obra. Porém, a ambientação, os figurinos, os cenários e as performances dos atores espanhóis são de fazer inveja a qualquer filme americano.

Mesmo com suas restrições, o filme teria uma capacidade gigantesca de mostrar para a contemporaneidade a grandiosidade e a genialidade de Aristófanes, ainda numa época em que a arte de atuar estava se desenvolvendo. Porém, o filme decepciona por trazer o nome original da obra e ser uma adaptação de uma adaptação mal formada.

O filme de Francesc Bellmunt, é uma adaptação de uma história em quadrinhos alemã do cartunista Ralf König, que como profissional underground, levou Lisístrata de Aristófanes a um universo alternativo do original que está presente nos dias de hoje.

Com a quebra de paradigmas e a liberdade de expressão dos últimos 50 anos, é nítida que a liberdade sexual está muito mais presente nos dias hoje. O homossexualismo, além de bem inserido em todos os campos em que outrora era ridicularizado, criou um nicho de mercado que cresce a cada ano, gerando milhões de lucratividade para os que se souberem se aproveitar de tal segmento de mercado.

 

König tinha ciência disso e fez de sua versão de Lisístrata uma história em que os homossexuais reprimidos de Atenas passam a oferecer os “carinhos” que as mulheres em greve se recusam a conceder aos homens, fazendo com que o fim da Guerra de Polopneso aconteça por motivos muito diferentes dos previstos pelas mulheres.

Mesmo curto, apenas 1 hora e 20 minutos de duração, o filme apresenta um pouco de todos os personagens clássicos de Aritófanes, estão lá Lampito, Mirrina e Cinésias, os quatro velhos, o Ministro, o Embaixador e todos os cativantes caricatos da Antiga Grécia.

Porém, o filme se foca nos personagens originais homossexuais, que são citados em uma frase da narração de Aristófanes como guias da história para contar sua comédia, que apoiada nas visões viciadas e entediantes de seus esteriótipos modernos para contar uma comédia igualmente entediante, com um texto, que apesar de moderno, um tanto quanto desgastado e muito diferente do texto original que continua atual mesmo sendo escrito a tantos anos.

Se por um lado a produção tem seu quê de originalidade para o seleto grupo que conhece a grande obra de Aristófanes, o cinema espanhol perdeu a chance de se projetar ao mundo optando por produzir um filme de nicho ao invés de uma adaptação fiél de texto que perdura como objeto de estudo e referência da arte por milênios, sobrevivendo ao tempo e rompendo as fronteiras do tempo.

 

E NÃO PERCA EM OUTUBRO EM JUNDIAÍ

Nos dias 19 e 30 de outubro de 2012 no anfiteatro do Centro Universitário Padre Anchieta, a Cia de Teatro Techniatto irá apresentar uma nova adaptação do clássico de Aristófanes baseada em seu texto original, trazendo a magia dos personagens clássicos e a dimensão de uma comédia grega aos palcos de Jundiaí, muito diferent do filme espanhol.

Em uma justa homenagem as mulheres, a Greve de Sexo estará em cartaz no anfiteatro do Centro Universitário Padre Anchieta, e os ingressos já estão à venda na cantinas Gobb’s por R$3,00 (ou R$5,00 se preferir comprar no dia do espetácul0) + um quilo de alimento não perecível que a companhia vai doar para casas de caridade, em uma de suas muitas ações sociais em Jundiaí.

Abaixo, o cartaz oficial da peça, apresentado ao público após um período de teasers que invadiram os prédios do Grupo Anchieta no último mês:

Para mais informações acesse o site oficial da companhia clicando aqui.

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