Autor: Ângela Schiezari Garcia
Descansa na areia
a canoa quebrada
do pescador doente.
Nada de peixes
cheiro forte de iodo
o vento forte
vem do poente
arrasta a chuva
e a canoa não se move.
Pintura descascada
pequena âncora enferrujada
migalhas de pão espalhadas
no interior da barcaça.
Gaivotas e garças
anunciam a chegada
de uma outra canoa.
Pintada, com nome Vitória
não está furada.
não retém água da chuva
e não espera
pescador doente.
Embalada pelas ondas
dança em direção
à beira da praia.
Sorridentes faces
dois homens
realizam seu dia
na rotina de uma pescaria.