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Davi Junior

Autor: Davi Junior

Eu, Robô - se você gosta de ficção, leia esse livro

6/7/2011 - São Roque - SP

Quem ainda não leu Eu, Robô ainda não pôde desfrutar do que a imaginação humana tem de melhor.

Escrito em 1950 por Isaac Asimov, Eu, Robô possui uma particularidade que o sobrepõe a qualquer obra de ficção científica já criada: a incrível capacidade de se tornar um texto cada vez mais atual a medida que envelhece.

O autor conhecia o interior das pessoas como poucos, por isso, a emoção, a criação e o sentimento humano são elementos que estão presentes em seus personagens desde que começou a escrever aos 20 anos de idade, quando sua única pretensão era ganhar alguns trocados a mais para ajudar a custear seus estudos.

 

Diferente do filme de mesmo título estrelado por Will Smith, o livro de Isaac Asimov pouco contém perseguições, explosões ou um protagonista cheio de remorço e espírito negativo, mas explora como ninguém as várias faces do ser humano ante a sua invenção mais promissora, o robô. Ou melhor dizendo, o ser que mais por sequências numéricas e logarítmos do que por ideologia, pode ser capaz de cuidar melhor da humanidade do que a própria humanidade.

O livro é dividido em nove capítulos, cada um trazendo um conto descrito por Susan Calvin, robopsicóloga e protagonista da história, enquanto ela concedia uma entrevista à um ambicioso repórter.

Nascida no mesmo ano que a U.S Robôs, organização responsável pela criação dos cérebros positrônicos, a Dra. Susan Calvin ainda jovem ingressou na empresa. Com uma carreira de sucesso ao longo das décadas, e agora com 82 anos, ela é a melhor não só para contar como foi a relação entre homem e máquina desde a fundação da empresa para qual ainda trabalha, mas também para projetar um provável futuro para humanidade após quase um século de convivência com os robôs.

Isaac Asimov era antes de tudo um grande contador de histórias, por isso até mesmo o leitor mais despretencioso não tem como não se emocionar com Eu, Robô logo no primeiro capítulo. Contando a história de Robbie, um robô mudo que serve de babá para a pequena Glória, o autor logo explora aresistência humana frente as novas tecnologias.

Robbie foi um dos primeiros modelos com cérebros positrônicos a serem comercializados nos anos 90 pela U.S. Robôs. O cérebro positrônico dá a possibilidade de um robô tomar iniciativas e aprender conforme o tempo vai passando. Ao lado de Glória, que ainda estava na idade de descobrir o mundo ao seus redor, o robô mudo assume  papel mais inocente na vida de um ser humano: o direito de sonhar com o contos de fada que lhes eram contados pela menina.

Porém, esses sonhos duram pouco. Devido aos preconceitos dos vizinhos, a mãe de Glória, após muitas negativas do pai, resolve separar o robô da menina, devolvendo-lhe para a U.S. Robôs. Fazendo isso, os resultados que a mãe da meina almejava passam a ser bem diferentes, e quem começa a parar de sonhar é a sua filha, que não tem mais a companhia do robô que era alimentado com as suas fantásticas histórias.

A imagem dos robôs de Asimov, inspiraram diversos designers de personagens de ficção científica ao longo das décadas, entre eles os olhos acesos de C3PO.

Drama e questões sociais embasam este primeiro capítulo do livro, mas é nos três que seguem é que o autor começa a explorar o  mais inspirador conceito já inserido na ficção científico e por ele criado, as 3 Leis da Robótica:

1ª Lei: um robô não pode ferir um ser humano, ou por inação, permitir que um ser humano seja ferido.
2ª Lei: um robô deve obedecer as ordens dadas pelos seres humanos, exceto se tais ordens entrarem em conflito com a primeira lei.
3ª Lei: um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e a segunda lei.

Essas três leis soam como poesia paa os fãs de ficção científica, já que é graças a elas que uma das correntes mais crescentes durante o século XX, iniciada por Mary Shelley em 1818 com seu romance Frankstein, foi quebrada: a idéia de que a tecnologia é vista como perigosa e danosa ao ser humano.

Perigo esse foi testado e desmentido por Powell e Donovan nos capítulos 2, 3 e 4 da obra, onde os dois cientistas, segundo suas prórpias palavras, pegam os piores trabalhos da U.S. Robôs.

Confrontados com possíveis falhas mecânicas de Speedy, o robô mais rápido da organização; Cutie, um robô fanático religioso e Dave, o chefe de cinco robôs acoplados ao seu corpo robótico, os dois cientistas comprovam que problemas técnicos são apenas interpretações ociosas feitas por seres humanos quando estes não compreendem bem as 3 Leis da Robótica.

A interpretação das 3 leis fica ainda mais clara quando a própria dra. Susan Calvin, diante de seus sonhos juvenis, se depara com um robô que pode ler pensamentos, ao ter que encontrar um robô fugitivo ou mesmo ao autorizar a morte de Powell e Donovan, se isso significasse a seguraça dos dois.

O filme estrelado por Will Smith possui uma trama bem diferente da do livro de Asimov, mas se baseia em diversos conceitos do autor.

Religião, política, romance e mais um monte de temas se misturam a cada capítulo do livro, mas Eu, Robô ainda não seria tão genial se não fosse seu encerramento magistral em seus dois últimos capítulos.

Em Evidência, Asinov põe em cheque o que significa SER humano. Nele, Susan Calvin é convocada para investigar Stephen Byerley, candidato a prefeitura de Nova York, que está sendo acusado de ser um robô.

O ponto chave do capítulo é quando se indaga o que é mais importante: todos os benefícios que Byerley fez durante toda a sua vida o

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