Autor: Ângela Schiezari Garcia
Estrada de terra nativa
Ansiosa, pedalo do asfalto
ao atalho, a seu encontro.
E no território natural
relaxo tristemente
porque agora investigo
com calma, os porquês.
O porquê de se complicar o que é tão simples.
O porquê do conflito
do grito, do agito
quando vejo tudo tão belo.
Os pássaros agitados
entendem meu sofrimento,
gritam estridentes
trançando em minha frente
sem respostas.
Pedalo rápido e choro enquanto
pergunto como controlar
o impulso que me move
ou me mata de ansiedade.
Imagino as cenas de um navio
alguém desesperado
olhando o resgate.
Pedalo e vejo outras cenas
Escuto frases desesperadas:
o passageiro querendo atirar-se ao mar...
Estavam numa viagem
que parecia não ter fim
um cruzeiro escolhido
e predestinado.
Por quê ?
Neste caminho que sigo posso ceder à dor.
Pedalo, no entanto, não canso
parece que encontro algo
e nele não há porquê...