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Ângela Schiezari Garcia

Autor: Ângela Schiezari Garcia

O dragão dos bons tempos

23/3/2012 - São Roque - SP

O dragão Ancestral vive às margens do rio Amarelo, numa China florida, em área pouco habitada. É considerado pelos chineses um símbolo nacional, responsável pela previsão do clima, dos dias de chuva e pelo início da civilização, do Universo, do Céu e da Terra.

Em dias bons representa a fertilidade nos campos, em dias enfurecidos representa as tormentas e tempestades. E mesmo na instabilidade, frequentemente recebe o convite dos Deuses para desempenhar funções superiores e mágicas, como um ser celestial, guardião de profundos tesouros.

Hoje ele caminha solitário até o topo da colina, a passos lentos, bem marcados, observa os ruídos na mata enquanto contempla a lua cheia, feminina. Logo após reflete o seu especial dourado n´água. Libera na fantasia, as enormes e cintilantes bolhas de sabão, subindo suaves em direção ao Céu.

Ao cair da madrugada, nos primeiros raios de sol, desabrocham as ameixeiras, em flores lindas e perfumadas decorando a trilha do Herói, a espantar com seus golpes de fogo, as diversas figuras do mal.

São como as tochas de luzes protetoras, abrindo o caminho em direção ao abrigo aconchegante, bem ao lado do bambuzal. O bambu duradouro e resistente delimita os espaços para que não persistam os intrusos, no território animal.

Encaminha-se finalmente à caverna de jade, em nuances esverdeadas, no mais formoso enfeite de estalagmites úmidas e brilhantes. Pedra rara, esculpida por homo sapiens experientes.

Figuras rupestres adornam as suas paredes irregulares. Em um canto escondido e aprofundado, a queda d’água do rio Sagrado, desprende moléculas de oxigênio a borbulharem em seu dorso quente, como uma grande banheira de hidromassagem.

Que banheira interessante!

As pétalas da ameixeira ao redor daquele espaço, como adornos aromáticos consagram o movimento dos astros, entre cometas e estrelas raros, salpicando a entrada fenomenal da caverna.

No canto de descanso, inúmeros morcegos dependurados assustam o Dragão, que sai em disparada. A própria luz de suas labaredas, novamente afugenta os terríveis mamíferos, que só vivem no escuro e de ponta cabeça.

Dragão assustado vive no tempo da Era Moderna: foge dos animais pequenos, como ratos, morcegos, insetos e devora os monstros mais temidos.

O Dragão Ancestral dos bons tempos faz parte dessa história, em que a lenda vira poesia e a imaginação nunca tem hora...

(... e nos permite sobreviver a tanta violência...)

 

Crédito:Maria Antunes- Studio Chanceler 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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