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Ângela Schiezari Garcia

Autor: Ângela Schiezari Garcia

FACES ESCONDIDAS

3/7/2013 - São Roque - SP

 

Aos finais de semana, nas rotineiras pedaladas pelos bairros da cidade, observo placas espalhadas e, atrás delas, pessoas, em pé ou sentadas, mostrando apenas parte do dorso das mãos e os pés.

Busco os olhares escondidos, mas é como se tais placas tivessem vida própria e não houvesse ser humano que as carregasse.  Tenho vontade de cumprimentar as pessoas com um “bom dia” ou “boa tarde”. Paro para conversar com elas na tentativa de saber a respeito de seus sonhos, ideais e para saber se os pedestres ou motoristas pedem informações.

As conversas confirmam a minha observação de que realmente passam despercebidas, ou são vistas como alvos de gozações e risadas. Elas me respondem que estão desempregadas no momento e agradecem a oportunidade do trabalho, pois precisam ajudar nos gastos da casa.

Algumas de personalidade forte dizem que não se importam, pois realizam o trabalho com dignidade e responsabilidade; outras se sentem mal e desrespeitadas como seres humanos.

Na verdade, o que há de comum e de importante entre esses cidadãos é o fato de jamais se corromperem por falta de oportunidades. Todos sem exceção preferem ser um “ponto sinalizador” a se colocar em riscos para levar o pão de cada dia às suas casas.

Na minha vontade de ouvi-los e ajudá-los, opto por escrever um texto que pudesse ser útil para sensibilizar as pessoas, e quem sabe algum empresário, comerciante, proprietário de restaurante na região, enfim, qualquer indivíduo de bom coração que proporcionasse outras oportunidades de trabalho.

São muitos os que passam por desafios similares, porém se cada um fizer a sua parte, esperamos que o destino melhore para nossos amigos.

E se mesmo assim nada puder ser feito, que a saudação alegre os contagie com motivação e entusiasmo para que jamais desistam dos seus sonhos, pois a única diferença entre aqueles que vencem e os que não vencem é o fato de os primeiros persistirem por mais uma vez.

Por vezes penso que os rostos sem nomes, as faces sem histórias, quase “coisas” que cruzam o andar apressado de uma multidão insensível poderiam ter um destino feliz.

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