Autor: Ângela Schiezari Garcia
Jamais me esquecerei de uma aula ministrada no curso de pós-graduação em Fisiologia do Exercício, da UNIFESP/2001, pelo professor de Didática, Marcos Ferreira. Nessa ocasião, o mestre apresentou o vídeo “Dreams”, de Akira Kurosawa, adaptado para o cinema na época.
Recordo-me que o filme retratava o sonho de um povoado de moinhos, na conversa de um jovem com um senhor, com passagens inusitadas da festa em comemoração à morte. Essa morte simbolizava o rompimento festejado, pois havia uma ponte de proteção e de luz para o novo caminho a ser percorrido. Após as considerações feitas pelo professor referentes ao conteúdo pedagógico segui com a essência do exposto e a reflexão que fiz foi importante para avaliar e redefinir aspectos filosóficos e existenciais da minha própria vida. Após alguns anos procurei o vídeo para assisti-lo novamente, mas não o encontrei.
Observei ao longo do tempo, grande diferença de pensamento entre a cultura oriental e ocidental. Na cultura oriental há o cultivo aos ciclos naturais da vida e da morte e na ocidental há uma negação biológica e por vezes ancestral, com dificuldade em se lidar com o corpo, da forma sábia em que ele se apresenta.
Pela necessidade de compreender questões tão profundas e aliviar a dor em meu peito, desde menina busquei respostas e informações para o sentimento de ausência ou talvez, falta de perspectiva que se apresentava angustiante como um “vazio depressivo”.
A perda está associada não só à ideia da morte em si, como também à ideia de abandono e separação. De acordo com a intensidade das expectativas, ilusões, sonhos e neuroses de cada pessoa, o conflito gerado em cada situação poderá tomar proporções ainda maiores.
Muito pior do que a perda da morte, inevitável, a meu ver é a perda da vida, com escolhas inadequadas, decepções e frustrações nas relações interpessoais.
Desde o nascimento, com o rompimento do primeiro vínculo materno, até os primeiros anos temos relatos das diversas sensações e sentimentos de perda que foram experimentados por crianças em busca de sobrevivência, desde as ausências temporárias das mães, que representam a segurança, até traumas maiores e temores fixados na vida adulta.
Nessa linha de raciocínio fui pesquisando as teorias biológicas, espiritualistas, psíquicas, metafísicas, filosóficas que respondessem os questionamentos referentes à nossa “missão” aqui na Terra, a morte, as desavenças familiares, as diferenças sociais, os preconceitos e as guerras, entre outras questões.
Depois de muita dedicação, estudo, cursos e lágrimas inevitáveis, consegui formar uma linha de raciocínio e substituir aquele sentimento de incompletude da infância, adolescência e parte da vida adulta, pelo sentimento de compreensão e gratidão pelas experiências vividas, tendo em vista as leis naturais e universais.
Olhando a partir do macro, bem do alto, percebi que vivemos em diversas dimensões, que a morte não existe e que colhemos aquilo que plantamos nessa ou em outras existências. A ciência vem explicando a espiritualidade, portanto, a informação chega cada vez mais precisa e profunda em nossas mentes.
A diferença está na coragem de se realizar uma autoavaliação profunda, para o processo de autoconhecimento, para diagnosticar necessidades, buscar as falhas pessoais e as do clã, iluminar os antepassados, como fazem os mais sábios.
Em seguida, relacionar em ordem de prioridades quais os principais objetivos a serem atingidos; por exemplo, superar algum medo profundo e buscar ajuda profissional para essa superação, além de emanar um QUERER DE GIGANTE.
O próximo passo é seguir os conselhos de Jesus quando diz: “E conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8:32), buscando por meio de leituras, estudos e reflexões as próprias respostas.
Vamos compreendendo com o passar do tempo, que o homem precisou de ensinamentos dolorosos para o seu aperfeiçoamento moral e espiritual porque se perdeu dos princípios divinos e das leis naturais que regem o Universo.
As perdas nada mais são do que a necessidade de desenvolvimento das capacidades em busca do que temos de melhor, por mais triste ou doloroso que pareça.
E como o ciclo da chuva, o ciclo menstrual, o das estações do ano, o do aniversário, o ciclo do dia e da noite, o das luas e das marés, entre tantos ciclos naturais penso que o do Homem na Terra tenha como principal objetivo torná-lo mais sensível e grato às Leis do Amor, em que nada se perde e tudo se transforma em energia de Luz.
Ângela Schiezari Garcia - CREF 000690-G /SP - CREFITO 162573-F
- Educadora física e fisioterapeuta
- Osteopata, terapeuta self-healing, de leitura biológica e radiestesia genética.
- E-mail: angela.garcya@terra.com.br
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