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Ângela Schiezari Garcia

Autor: Ângela Schiezari Garcia

A magia no pensamento das crianças

8/10/2011 - São Roque - SP

                       

 

                         Férias de Julho! Viagem com a família para um lugar montanhoso, onde o frio contagiante nos inspira ao romantismo.

                        Lareira acesa nas noites estreladas; gravetos de lenha no cesto ao lado; passeios a cavalo ou a pé, pelas manhãs orvalhadas; compras no centro comercial à tarde; cachecol, luvas, vinho e chocolate quente.

                        Toda essa programação já estava nos planos. O que eu não havia imaginado era encontrar a magia no vale onde nos alojamos.

                        A casa no alto da colina foi alugada de um senhor francês. Grande, espaçosa, tinha estrutura interna acabada em madeira e cortiça. À sua volta grande variedade de flores da região como hortênsias e gerânios. Na mata, algumas árvores eram cenário para o show de equilíbrio e agilidade dos esquilos. Um espetáculo à parte!

                        Dona Maria, 78 anos, muito saudável, embora pequena demais para  realizar tanto trabalho era quem cuidava dos serviços domésticos e da comidinha caseira, tão bem temperada. Parecia mais uma gnominha encantada, que alegrou a nossa estada durante aqueles dez dias.

                        A cabana de Peter Pan era o passatempo predileto das crianças, que passavam horas entretidas com suas brincadeiras.

                       Numa linda manhã resolvemos caminhar acompanhando o curso d’água cristalina que passava pelas imediações do terreno íngreme. Troncos caídos formavam pontes naturais. Pelo caminho flores e folhas secas, pedras e araucárias. O vento soprava com força movendo o bambuzal que demarcava a divisa com a estrada de terra, e o som do cavalgar dos cavalos nos inspirava à imaginação. No final do percurso, chegamos a um terreno plano.

                      Compusemos um belo arranjo natural feito do material exótico encontrado no solo para homenagear a maior de todas as árvores a ser presenteada. Minha filha mais velha batizou-a com o nome de seu Troncolino e a mais nova completou dizendo que assim como o Leão é o rei dos animais, seu Troncolino seria o rei das plantas.

                         Permanecemos em silêncio por algum tempo contemplando a paisagem que nos envolvia.

                        O ambiente se transformava. Folhas das plantas mais próximas se moviam em ritmos alucinantes. Seriam os gnomos da floresta?

                        Formamos um círculo, de mãos dadas em torno da árvore escolhida e de olhos fechados sentíamos o calor intenso e a pulsação mais forte. Aquela energia era o nosso transporte ao Mundo da Fantasia, onde são criadas as Histórias Infantis.

                        Combinamos manter em sigilo a nossa vivência criativa, que parecia não ter limites.

                        Nas manhãs seguintes observei que quando elas saíam para brincar na cabana levavam consigo flores, folhas que encontraram caídas na grama e discretamente pegavam o rumo da trilha que levava ao nosso esconderijo.

 

 

 

 

 

 

 

 

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