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Flaviana Souza

Autor: Flaviana Souza

Pensando a Educação Inclusiva no que tange a Deficiência Intelectual

23/11/2017 - São Roque - SP

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A inclusão e aceitação do deficiente na sociedade é recente e ainda enfrenta muitas barreiras provenientes de preconceitos, desconhecimento e desequilíbrio entre a legislação e a prática.

Fazendo um breve resgate histórico é possível perceber que a marginalização do deficiente tão presente no período pré-cristão e o impasse entre ser ele divino ou  maligno ocorrido na Idade Média estão, de certa forma, presentes nos dias de hoje.

Como uma forma de reparar o descaso dos séculos anteriores, a partir do século XX o deficiente, que desde o século XVI começa a ser acompanhando no âmbito médico, passa a ter seus direitos previstos em lei e discutidos em eventos nacionais e internacionais. A legislação que rege os direitos dos deficientes no Brasil é mais avançada se comparada com outros países, porém, sua aplicação na prática caminha em passos lentos.

Se hoje é previsto por lei que todos devem ter acesso à educação, caberá ao corpo docente, com apoio público quando escolas públicas, abraçar a Deficiência Intelectual e incorporá-la em seu planejamento. É importante salientar que não é somente o simples acesso à educação que deve ser assegurado, mas um acesso de qualidade, onde o aluno com deficiência não pode ser ignorado mas também não deve ser superprotegido e proporcionar meios de valorização do seu conhecimento prévio impulsionando o reconhecimento de sua identidade.

Quando pensamos na mediação do professor junto ao aluno com Deficiência Intelectual é imprescindível se pensar nas teorias de desenvolvimento educacional que tangem a prática da Educação Especial. Piaget, com seus quatro estágios do desenvolvimento, nos entrega parâmetros para avaliar os alunos e adequar nossas práticas às suas necessidades reforçando a teoria de Vygotski que coloca a responsabilidade do desenvolvimento nas interações sociais (logo, o professor se enquadra aqui) que o educando terá ao longo do processo educativo.

O método de ensino homogeneizado que vem se arrastando há séculos colocando todos os alunos num único nível de aprendizado e com uma mesma fórmula avaliativa exclui o Deficiente Intelectual do ensino regular. É preciso, porém, compreender que ninguém é ineducável. Alguns apresentam dificuldades maiores que os outros e necessitam de técnicas de aprendizagem alternativas.

O professor de sala de aula tem o papel fundamental e insubstituível na condução do desenvolvimento desse aluno. Em muitos dos casos, é ele quem identifica que existe uma característica a ser diagnosticada, avalia e quando necessário, encaminha para acompanhamento especializado. É ele também o responsável por, com alta dosagem de afeto e ajustando seus diferentes tipos de conhecimento (experiência, teoria e pedagogia), causar o interesse no aluno e reformular/adequar o conteúdo para que ele possa ser melhor absorvido. O educador de sala tem o papel de fazer a fusão da educação convencional com a educação especial compreendendo que fusão não se trata de junção ou justaposição mas sim adequação e adaptação com o objetivo de ensinar a todos sem restrições. Caberá a ele definir, a partir das necessidades dos deficientes, quais conteúdos deverão ser priorizados, quais são passíveis de não serem trabalhados (aqueles que são inaplicáveis aos deficientes Intelectuais) e administrar o tempo necessário para esse aprendizado (demorar mais para alcançar um objetivo ou modificar a sequência para que o objetivo seja alcançado no próximo nível).

Não é mais uma luta solitária (ou não deveria ser) desde que foi instituído o Atendimento educacional Especializado que tem como objetivo identificar, elaborar e orientar recursos que promovam apoio ao desenvolvimento dos Deficientes Intelectuais. Trata-se de acompanhamento em contraturno às aulas regulares com professores especializados em locais específicos (salas multifuncionais). Esses educadores também promovem a mediação junto aos Deficientes Intelectuais e partilham das mesmas responsabilidades que o professor de sala, com a diferença de trabalharem apenas com deficientes.

Ambos os educadores têm a sua disposição tecnologias assistivas que, dentro do contexto educacional, auxiliam principalmente na comunicação verbal e não verbal, mobilidade e inclusão digital.

É um trabalho árduo mas gratificante, demorado mas importante, desafiador mas afetuoso. é devolver, de certa forma, ao mundo um pouco do que ele te deu.

 

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