ColunistasCOLUNISTAS

Albertino Lima Ribeiro

Autor: Albertino Lima Ribeiro

A obsolescência planejada das relações atuais

15/12/2017 - São Roque - SP

 

“Deixe o seu idoso conosco e vá curtir as festas de fim de ano. Preços promocionais”. -  Anúncio de uma casa de repouso no Brasil.

A obsolescência planejada é o combustível não sustentável da sociedade moderna. Esse problema tem sido a tônica dos nossos dias. As mudanças no campo material tem provocado mudanças em nossa subjetividade, levando-nos a agir como se o consumismo fosse o objetivo último do ser humano. Dessa forma, além dos problemas ambientais que o hedonismo atual provoca, enfrentamos problemas até mesmo no ambiente mais íntimo da nossa vivência.

Para garantir a sobrevivência e o lucro das empresas, os produtos possuem um tempo de vida útil determinado, tendo como com objetivo alimentar a roda viva do consumo ; uma engenharia sócio econômica necessária para sobrevivência do sistema, mas que tem consequências deletérias quando reproduzido nas relações sociais.

Temos presenciado tal fato nas relações da sociedade pós moderna. Por que o divórcio tem aumentado tanto? É claro que existem outros fatores que interagem, mas a tônica desse modo de ser encontra seu apoio no espírito do nosso tempo que clama por trocas o tempo todo.

 O desprezo ao velho no contexto econômico tem se reproduzido no desprezo ao idoso nas relações sociais; a busca desenfreada pela qualidade total e eficiência produtiva pode ter sua influência até mesmo na cama, ameaçando relações conjugais. Esse caso é mais nefasto, pois os parâmetros para comparação são fantasiosos, seja através de conversas estereotipadas de amigos e amigas, seja por filmes pornográficos ou por intermédio de textos cuidadosamente maquiados de revistas de gênero. O consumo desses referenciais levam as pessoas ao descarte assim como sao as mercadorias.

A indústria do sexo cresce geometricamente pois tem oferecido insumos para permitir aos amantes chegarem ao ápice do prazer. Essa carência de descarregar tensão é preenchida com as ferramentas da indústria dos sentidos. É a sociedade  excitada que faz da busca pelo prazer a sua bandeira, levando-nos a uma vida miserável e frustrante.

É o  rolo compressor do senhorio da natureza humana, que apresenta um caminho para a evolução, mas esconde em si a sua própria destruição.

As nossas relações humanas não podem fazer parte de uma obsolescência planejada. Precisamos lutar com unhas e dentes, pois a nossa sobrevivência como verdadeiros seres humanos – sensíveis e pensantes - está ameaçada.

Compartilhe no Whatsapp