Autor: Ítalo Lima
a história de um menino que dormiu no meu peito
2/4/2018 - São Roque - SP
Eu disse
"Não se aproxime"
E você tatuou
Teu riso nas minhas costas
Coragem; eu te pedi.
Para! Um passo a mais
E eu te amaria por toda
Dobra possível do tempo!
Você veio correndo,
Fez trilha na minha pele
Foi aí que
Eu me apavorei:
Quando você trocou
Meu nome pelo nome
Do seu ex namorado!
Mas perdoei!
Porque é isso
Que a gente faz
Com quem atira na gente!
Quando eu te vi nu
Pela primeira vez, gaguejei;
Algo tão esplêndido assim
A gente contempla
Com os olhos devagar.
Recitamos juntos:
"mercúrio se multiplicando"
Eu me vi espalhado
Em cada mancha telúrica
Da pele tua, eu lambia
Todo o dedo teu!
Você adorava tocar
Minha garganta,
Era lá que teu nome
Vivia preso; entalo!
E a gente passou
A morar na íris do outro,
Nossa língua em nó
Já não sabia ser só
Te alertei: eu não
Sou pra todo dia.
Repara bem o meu silêncio,
Atentai ao que eu não digo
Ninguém vale o que não vem!
Olha, eu não fiz som algum
Quando você pousou
E dormiu cansado no meu peito.
Fiquei imóvel por
Exatamente dezoito minutos,
Passaria a eternidade, se preciso!
A gente foi se afastando devagar
Recolhendo as roupas,
Depois as carícias,
A saliva, os dedos,
Os gestos, as palavras. Nós!
(eu te amo mas atiraria em você)
Dorme bem essa noite; eu vim
Aprender a chorar antes de ontem
Olha, de você só tenho saudade!
(Ítalo Lima)