Autor: Flaviana Souza
“A cultura é um direito básico do cidadão, tão importante quanto o direito ao voto, à moradia digna, à alimentação, à saúde e à educação. A cultura tem três dimensões vitais: ela é produção simbólica, é direito de todos os brasileiros e é economia” BARROS (2008).
É com esse pensamento que inicio a análise da maneira como a cultura está sendo oferecida à sociedade e o retorno que pode ter dessa mesma sociedade.
As cidades abrigam 75% da população mundial, o que traz a necessidade de se fazer e oferecer uma programação que seja pluricultural, que agrade a todos os gostos. Quando o cidadão não se identifica com o que encontra a sua disposição (tanto para visualização quanto para degustação, audição, etc), pode acarretar a sensação de desconforto e insegurança conhecida como homesic (doente por não estar em casa). BARBERO (2000) vai mais além, batiza esse estado de espírito de “angústia cultural” e garante que se não contornado, pode levar a atitudes violentas. Se a falta de afinidade com a cultura recebida pode gerar perdas importantes ao indivíduo como angústia, depressão e até mudança severa de humor, a cultura deve sim ter sua importância melhor reconhecida.
Mas a cultura não traz benefícios apenas ao indivíduo, beneficia também a sociedade, contribuindo como uma das principais protagonistas para o seu desenvolvimento.
Segundo a ONU (1982), “desenvolvimento é um processo complexo, holístico e multimensional, que vai além do crescimento econômico e integra todas as energias da comunidade (...) desse estar fundado no desejo de cada sociedade de expressar sua profunda identidade...”.
Quando consideramos que as bases para um desenvolvimento humano e sustentável estão intimamente ligadas à herança histórica e as recordações do indivíduo, ambas concedidas pela cultura, entendemos que o desenvolvimento de uma sociedade é composto pela somatória dos benefícios criados pela cultura em cada indivíduo.
Ainda pensando na contribuição da cultura ao desenvolvimento de uma cidade, estado, país, é importantíssimo ressaltar que esse segmento movimenta, de maneira direta, 7% ao ano do PIB mundial, sendo o setor que mais cresce, emprega, exporta e remunera.
Podemos finalizar citando novamente BARROS (2008) que defende que a relação entre cultura e desenvolvimento (podendo ser estendida para a diversidade) pode ser compreendida ao se ater à indissociabilidade de três dimensões básicas e complementares da cultura:
- dimensão humanizadora e educativa
- dimensão coletiva e política
- dimensão produtiva e econômica
Cultura é um direito básico pois é essencial para o desenvolvimento individual e coletivo.
REFERÊNCIAS
BARBERO, M. Las transformaciones del mapa cultural: uma visión desde América Latina. 2000.
BARROS, J. M. (org.) Cultura, diversidade e os desafios do desenvolvimento humano. Diversidade cultural: da proteção à promoção. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
ONU, Conferência Mundial do México. 1982.
Perdeu os outros artigos? Estão todos aí embaixo:
A arte como campo privilegiado de enfrentamento do trágico e o caso Jim Carrey (I needed color)
O homossexualismo na Arte e a obra de Steve Walker
A figura de Cristo e a face Aqueropita
O papel da escola no hábito do cidadão de frequentar e desfrutar a Arte
Museu Casa Guilherme de Almeida: Um relato da visita