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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Anomia social

16/10/2022 - São Roque - SP

          As sociedades têm em sua essência um movimento que lhes é próprio. Cada tipo possui uma maneira própria, sendo a sua forma, a organização social sendo daquele jeito. Assim as sociedades se tornam por causa de seus fatos sociais, suas estruturas, raízes, bases, pensamentos e os pensamentos coletivos. É uma questão social, pois o coletivo humano se organiza da forma que é, o que a coletividade social se coloca e estrutura, baseada em coisas externas a si.

          Nas sociedades capitalistas, a tendência é de que se tenha a ideia de liberdades individuais, para que cidadãos sejam felizes. E também, embora alguns países capitalistas não sejam assim, tendem a serem repúblicas e contarem com eleições. Ocorre principalmente por dois fatores: a raiz histórica que têm o capitalismo com a ideia de república. A burguesia emergente da revolução francesa possuía uma forte ligação com este modelo de governo, associado com seus ideais. O que os marxistas chamam, por isso, de democracia, ou república, burguesa. E também por ser economicamente interessante dar certa liberdade, pois isto torna os cidadãos mais produtivos, aumentando o capital, uma vez que terminam perseguindo aquilo que acham significativo. Assim, este é o fluxo comum e normal das sociedades capitalistas.

       Porém,  aqui entra aquilo que Émile Durkheim colocou como anomia social, ou seja, um período em que a ordem normal e corriqueira é rompida. Isso ocorre, no capitalismo, principalmente por fatores de crise econômica. Uma vez que ela vem, muita coisa começa a ser perdida ou piorada, levando a uma degeneração social. Que se manifesta num questionamento de valores e de ideias sobre direitos e liberdades. Muitas contradições sociais até então abafadas por se estar mais bem estruturadas, começam a vir à tona com mais força. Que pode chegar a degenerar o estado.

        No caso brasileiro, o maior exemplo de degeneração foi o golpe de 1964, onde a ordem democrática foi rompida, levando a uma ditadura militar. Um governo sem eleições comandado por militares. Ali, movido por um contexto da época de anticomunismo e um impasse institucional, foi rompido o capitalismo liberal que havia no Brasil até então. Viveu-se, por 21 anos, uma anomia social. Em 1985, voltou-se a ordem que tinha. Em escala mundial, houve um questionamento a direitos sociais e individuais na década de 2010, muito influenciada por crise econômica, a iniciada em 2008. No Brasil, também teve eco. Embora tenha sido um período de anomia social, não chegou a corromper o estado. Mas é um período do qual se teve um agravamento de problemas socialmente existentes. Agora está passando, o pensamento coletivo está se tornando mais parecido com o que era. Anomia social termina, para voltar a ordem normal.     

 
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