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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

O romantismo

13/11/2022 - São Roque - SP

 O movimento literário e artístico do século XIX, o romantismo, foi e ainda é o mais paradigmático, que mais definiu e influenciou padrões e ideias. Em esferas que ultrapassam e muito a arte, se tornando a base dos valores e dos pensamentos de sua época. Sua base artística exerceu influências no pensamento e na cultura posterior como nenhum outro conseguira ou conseguiu desde então. O principal pensamento romântico se vincula diretamente com a ideia das emoções, de se sentir as coisas mais do que entendê-las racionalmente. Fixava-se como uma nova maneira de ver o mundo e imprimi-lo artisticamente.

     Boa parte desta nova visão vinha do contexto histórico e político vivido pelos séculos XVIII e XIX, neste último se consolidando grandemente. Chamado de século das luzes, o século XVIII começa a pensar filosoficamente as bases que embasam a contemporaneidade. Começam a surgir as teorias liberais que, junto com a ascensão da burguesia como classe dominante, irá levar a revolução francesa e aos modelos políticos do século XIX, que tinham como lema “liberdade, igualdade, fraternidade”.

        Dentro disto, o movimento romântico começava a se formar e a embasar a sociedade. Influenciado pelo liberalismo e por uma visão de que a humanidade estaria se salvando e encontrando seu caminho, o romantismo via a exacerbação dos sentimentos, a elevação destes e especialmente como estes. Ao contrário de movimentos artísticos anteriores, neste a prioridade era a emoção, aquilo que se sentia e que levaria ao máximo ponto da humanidade. Foi um movimento paradigmático e influente durante todo o século XIX, moldando muito sua cultura. Os sentimentos eram muito valorizados e se buscava também um amor romântico, o qual duraria para sempre. Autores românticos que marcaram foram Victor Hugo, Goethe, Jane Austen, Almeida Garret e Gonçalves Dias.

        Na literatura, mais para a metade do século, também com o aprofundamento das teorias socialistas e cientificistas, passou a se questionar o romantismo. Muitos dos problemas sociais não sendo resolvidos, e também a ciência questionando a religiosidade, colocava os valores românticos e liberais em xeque. Começa então a surgir à literatura realista, muito influenciada por autores como Balzac, Flaubert, Stendhal, George Eliot, Eça de Queirós e Machado de Assis. Desde então, muitas vezes se tem tentado abandonar os paradigmas românticos.

        Porém, muito também se debate o quanto o romantismo ainda embasa e ainda é a grande referência contemporânea e o ideal coletivo ainda cultivado. Pois ainda temos bases românticas para os ideias. O amor romântico é o mais visível, pois ainda se espera casamentos e amores eternos, baseados nos sentimentos religiosos. Mas outras áreas também. A própria política mesmo tem embasamentos românticos, pelo menos em seus ideais. Até ideais socialistas pensam em uma sociedade justa e igualitária, baseada nos valores românticos, os quais influenciam pensamentos e ideias. As sociedades continuam sendo muito marcadas pelas visões e ideias românticos, mesmo que inconscientemente. É um dos grandes paradigmas da humanidade, que só deixará de existir quando de fato se esgotar, fazendo surgir outra ideia em seu lugar. Até lá, continuaremos românticos.   

 
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