ColunistasCOLUNISTAS

Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Fora da caridade não há salvação

19/11/2022 - São Roque - SP

        A principal máxima espírita guarda uma conexão e uma força ímpar com o mundo. Pois, sendo a grande fala de uma religião, reflete ela profundamente, sintetizando-a. No caso, reflete uma característica humana mais certeira, mais forte. Pois a caridade é uma parte importante do ser humano. Não é única e nem se garante por si mesma, mas possui aspectos fundamentais em si. Sendo, na essência, um ato de ajudar e repartir com o outro, tem um alcance limitado em sua ação e resultados.

        Pois, em apenas fornecer uma ajuda pontual, não lhes solucionam os problemas. Como exemplo, posso falar de caridade feita a um mendigo: caso alguém veja um mendigo faminto e lhe dê comida, estará fazendo um ato de caridade. Fará com que o mendigo perca a fome e fique em melhor condição. Porém, a duração disto será muito curta, durando apenas algumas horas ou, no máximo, um dia. A caridade resolve o problema na hora, mas não o soluciona, o fazendo retornar depois. Em todas as áreas de caridade, isto ocorre.

       Por causa disto, podemos ver que, embora importante, é insuficiente. Partindo da ideia de ser uma ajuda imediata, com um indivíduo ajudando outro a partir do que tem, só consegue fazer pequenas ações que melhoram apenas momentaneamente. Por isso, um aspecto fundamental é criar uma melhor organização social e uma sociedade que faça melhor uso de seus recursos e capacidades, fazendo uma sociedade mais justa. Este é um desejo bastante antigo, que já se fez diversas medidas para se conseguir. Especialmente políticas públicas, que possam se reverter em benefícios sociais e melhores condições para se viver, resultando também em maior integração social na sociedade capitalista, através do aumento do consumo.

       Também podem ser destacadas instituições criadas pelo estado para que se administrem políticas e se conduza a sociedade. Como conselhos de políticas públicas, medidas como orçamento participativo, espaços para debate e outras formas de participação popular, as quais permitem decisões do povo de maneira mais próxima e direta, o que cria um estado mais participativo e democrático, no qual pode ser voltar para resolver problemas.

       Ao mesmo tempo, a política é muito fechada e muito voltada para si mesma, reprodutora de suas formas e ideias. Embora seja fundamental para mudanças mais robustas, é muito complexa para ser tão maleável. Neste sentido, a questão da caridade preserva algumas de suas características, tendo ainda força. A caridade também pode adquirir formas mais robustas e completas. Como redes e instituições de caridade, por exemplo. Organizada, a exemplo, pela Igreja Católica, Igrejas Evangélicas e Centros Espíritas, entre outras instituições religiosas ou não religiosas. Ao dar um aspecto institucional para as ações, conseguem fazer ações mais duradouras que ajudam mais as pessoas, em tempos maiores, ainda que não consigam resolver os problemas sociais sob os quais se debruçam.

     A máxima espírita continua forte então, por dois motivos: as ações de caridade, em qualquer escala, continuam tendo força para dar alguma ajuda. E também gera certo senso moral que ajuda aquele pratica, não apenas por fazer o bem, mas por manter contato direto com a situação que se quer melhorar, dando aspecto bastante realista aos problemas sociais. Por esses motivos, fora da caridade não há salvação. Logo, os espíritos encarnados, frente a tudo aquilo que vem, presenciam necessidade de se melhorar as condições sociais. Tendo a caridade para se conseguir parte do objetivo. As contradições e problemas humanos escapam muitas vezes a sua capacidade de resolvê-lo, o pondo em situações e ideias que atenuam seus problemas, que ainda não foram solucionados. Os grandes espíritos partem em busca desta solução então.        

 
 
Compartilhe no Whatsapp