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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Zélio Fernandino de Moraes

11/3/2023 - São Roque - SP

      Com a ligação que existe entre o espiritismo e as religiões de matriz africana no Brasil, não é de se espantar que uma delas nasça da fusão direta entre elas. Com a dispersão de crenças, costumes e culturas religiosas baseadas na cultura africana que chegou ao Brasil. Vindos na condição de escravos, os africanos vinham à força ao país, vivendo da pior forma possível, mas ainda assim trazendo aspectos culturais próprios.  Tais aspectos ficaram bastante difusos e misturados, pois eram coisas africanas ainda lembradas pelos escravos, mas sem uma base cultural unificada. E, uma vez no Brasil, tais elementos culturais africanos se espalharam e se fundiram entre si, criando costumes e culturas locais.  

   Por toda a questão escravista do Brasil, associada com a cultural por esta condição gerada, tais costumes e culturas ficaram bastante arraigados nacionalmente, fazendo fortemente parte e influenciando a cultura brasileira. Assim, durante o início do século XX, isto já estava muito presente no país, sobretudo em forma religiosa. Ainda não havia um nome propriamente para esta difusão de culturas e costumes religiosos, que hoje são chamados de Candomblé, onde elementos religiosos africanos estariam presentes no Brasil ou sincretizados com elementos católicos. Ao mesmo tempo, o espiritismo já era também uma religião forte no Brasil, fincando as raízes para tornar este o país com mais espíritas do mundo.

   Neste período então, surge à figura de Zélio Fernandino de Moraes, filho de ilustre família do Rio de Janeiro. Planejava entrar para a vida militar, mas foi acometido por uma paralisia. A qual os médicos não conseguiam curar. Até que, um dia, ergueu-se na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. O que aconteceu. Para tentar entender o fenômeno, a família o levou a Federação Espírita do Rio de Janeiro, em Niterói.

    Ali, durante a sessão, se manifestaram espíritos de caboclos e pretos velhos, os quais o médium que atendia disse para se retirarem, por serem considerados atrasados. Indignado com este posicionamento, Zélio passou a se envolver mais com as religiões de matriz africana, incorporando a elas elementos do espiritismo. Fundando assim a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Tais elementos ajudaram a criar a umbanda, unindo o espiritismo com culturas e religiões de matriz africana difundidas.

     Foi Zélio realmente um médium muito atento há seu tempo e a questão cultural. Foi também alguém que mediunizou espíritos e saberes africanos, incorporando para novos aspectos culturais. Principalmente, foi muito feliz em conseguir se abrir para diversos espaços e pontos, sem ser discriminatório. Apesar de não ter sido propriamente um espírita, conversou e interagiu com diversos espíritos, também sendo alguém que falou do Brasil e suas características, entendendo o que eram e queriam dizer.

 
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