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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

O socialismo

2/4/2023 - São Roque - SP

    Sendo uma das grandes ideias e questões do nosso tempo, o socialismo se consolida como uma das principais bases e referências da política contemporânea. É mais uma das ideais de organização humana, como já houve tantas outras. Dentro do tempo inserido e de suas visões, porém, ganha uma dimensão a mais, por ser uma resposta aos problemas e desigualdades sociais existentes.

    Seu surgimento é bastante difuso, tendo sido pensado esparsamente, às vezes com gigantescas diferenças do pensamento entre um autor e outro. Porém pode ser marcado como o ponto inicial do socialismo, ou ao menos sua base, o surgimento e consolidação do liberalismo e capitalismo. Com as mudanças surgidas após o antigo regime, o capitalismo passa a se moldar e, gradativamente, se tornar o sistema dominante. Com isto, a sociedade começa a sofrer suas contradições e problemas. A partir disto, as ideias socialistas passam a surgir e serem difundidas.

     É um termo tão grande e tão falado que chega a ser difícil apreender seu significado e suas bases. O mais famoso chamado de socialismo científico é o socialismo marxista, baseado no materialismo histórico e nas revoluções como motor da história. Tornou-se a versão mais conhecida e difundida das ideais socialistas. Porém, talvez, não seja nem o mais preciso no que seja o socialismo e nem consiga captar todas as bases e realidades sob as quais o sistema socialista surgiu. Sobre ele, em toda sua difusão, Émile Durkheim deu a mais completa e certeira visão: ele é o grito de um corpo doente, de dor e, por vezes de cólera. No caso, a sociedade capitalista estaria doente de seus problemas e os que sentem este mal estar dariam este grito.

    Tal imagem consegue ilustrar o ponto mais fundamental acerca do socialismo: é uma reclamação, um sentir das dores do capitalismo. Vivendo estas contradições e problemas, a sociedade e seus cidadãos reclamam veem o que estão sentindo e buscam remédios. É, portanto, a expressão do mal vivido, construído socialmente, politicamente e historicamente. Sobre este fenômeno social, vários autores se debruçaram, discorrendo sobre pontos diferentes, sempre em busca de algo que curasse o doente. Por seus muitos méritos e profundidades, a obra marxista se destacou, a partir do momento que identificaram muitos dos problemas e contradições sociais capitalistas em suas raízes.  

     Ao mesmo tempo, como Durkheim colocou não se deve ver o socialismo como uma expressão cientifica dos fatos sociais, mas um fato social da mais alta importância. Ele surge e é debatido nos momentos e medidas nas quais temos problemas sociais, causados por outros fatos sociais, e que precisam de respostas, que influenciem e modifiquem a sociedade. À medida que o socialismo se torna uma demanda social, passa também a ser um tipo de fato social. Não exatamente concreto, como o são as instituições, por exemplo, mas algo que está em uma consciência coletiva e um pensamento que está presente em diversos setores e lados da sociedade.

     Isso o torna uma das expressões políticas mais significativas deste tempo e de tempos que vem desde o advento do capitalismo. Durante o século XX, sob várias maneiras, em sociedades diferentes, se tentou estancar a doença sofrida pelo corpo social. Embora ainda não se tenha conseguido criar tal realidade e cura, a doença não morreu. As contradições e problemas continuam essencialmente os mesmos, com os gritos ainda muito parecidos. Como fato social, tal doença só sumirá com uma cura. A qual os médicos, cientistas sociais, precisarão estar sempre debruçados, atentos aos gritos sociais para ver como podem curar e melhorar este corpo. Pois sua missão é a cura do doente. E só poderá haver a cura através de alguma forma de socialismo, que responda e tire os problemas sociais.  

 
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