ColunistasCOLUNISTAS

Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Espiritismo cubano

10/6/2023 - São Roque - SP

   A ilha de Cuba é um dos três maiores pólos espíritas do mundo, junto com o Brasil e Jamaica. A religião, que possui reconhecimento mundial, possui uma grande quantidade de adeptos por ali. Desde o século XIX, até um pouco antes do lançamento de “O livro dos espíritos”, já havia algumas manifestações e divulgações mediúnicas. À época, ainda estava sob domínio espanhol, sendo destes uma colônia, ao contrário de países como México, Argentina, Honduras e vários outros hispânicos.

    E, entre estes países, sempre foi um dos mais representativos, aquele onde o espiritismo era mais forte, e havia mais conexão com o povo. Em 1888, durante o 1 Congresso Internacional Espiritista, em Barcelona, Cuba foi o que mais teve representação. Com isto já mostrava as primeiras ligações, e a força que estava desenvolvendo com a doutrina que vinha se consolidando. Pouco depois, em 1890, foi criada a Federação Espírita da Ilha de Cuba, a qual reuniu 23 instituições. E fortalecia a doutrina por lá.

     Com o tempo, o Brasil se tornou o país com mais espíritas no mundo. Principalmente pela maneira como se entrosou na cultura e na religiosidade brasileira, atingindo uma força e um entrosamento muito fortes. Em nenhum outro país se teve tanto entrosamento. Porém, em Cuba, também foi bastante forte. Pois também é um local de forte religiosidade e percepção de espíritos, com uma grande sensibilidade popular. O que influenciava e influencia diretamente a religiosidade cubana.

      Se, desde o período de colônia espanhola e do domínio americano já havia uma forte ligação com o espiritismo, após a revolução cubana isto não mudou. Continuou sendo um país com bastante crença e força no espiritismo. Nisto, entram também as relações do governo revolucionário de Fidel Castro para com a religião. Baseado na questão religiosa como apenas mais um instrumento de dominação, sem qualquer valor metafísico ou embasamento no real, todas foram primeiramente proibidas, como forma de se garantir a revolução, estar alinhado com a verdade. Porém, com o tempo, o governo viu que há outros aspectos na religião, além de ver que a religiosidade do povo não deixava de existir.

     O que, com o tempo, mudou a relação do governo de Fidel com a religião. Não apenas o espiritismo, mas diversas outras. Também muito por causa das particularidades cubanas e da sua religiosidade. Que era e é diferente da soviética, chinesa, coreana ou vietnamita. Possui em si uma relação diferente, com fortes componentes populares. O que o governo viu ser importante e uma maneira do povo de ser. Assim, a religião foi voltando. E vários centros espíritas se associaram ao governo, também se fortalecendo. Foi um forte e importante entendimento da religião e religiosidade como este aspecto de vida e de conexão.

     Como um povo fortemente religioso, característica comum em diversos países da América Latina, os cubanos manténs sua força e forma através desta expressão. Passando por diversos momentos e contextos, isto permanece. Ainda hoje um local, como Pedro Juan Gutierrez, observou que não superou suas desigualdades sociais, pode ser sempre visto como alguém que fez políticas para isto, mas não vence suas estruturas. Com isto, têm-se mais este aspecto e uma presença espiritual forte. Vários congressos espíritas já tendo sido realizados lá mostram como esta força se manifesta e está na corrente e veia do povo.

 
Compartilhe no Whatsapp