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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Sobre as revoluções

19/11/2023 - São Roque - SP

     A ideia de revolução é essencialmente um processo histórico. Pois, para que uma revolução seja validada como tal, se pressupõe uma radical mudança política, a qual pode ser em diversos níveis, levando a uma forma diferente de se governar o local onde se instaurou. A qual também pressupõe uma mudança ou mais fortes diferenças de formas de governança, uma vez que não pode ser considerada revolução aquela feita para preservar estruturas sociais ou as classes como eram na forma anterior.

      Das revoluções já ocorridas, a mais influente e revolucionária continua sendo a Francesa, de 1789. Pelo impacto que teve no mundo e pelas transformações ocorridas, dando as bases políticas e econômicas do mundo até hoje. Tanto que marca o fim da Idade Moderna para o advento da Idade Contemporânea, com a ascensão da burguesia enquanto classe dominante e pondo suas bases políticas e econômicas como hegemonia. Desde então, majoritariamente, o mundo vive sob o capitalismo, em suas contradições e formas.

     Ao longo do século XX, motivadas tanto pelas teorias socialistas do século XIX quanto pelas insatisfações populares com as condições de trabalho, várias revoluções ocorreram. Como a Russa, Chinesa, Cubana e outras. Embora com bastante ímpeto, não conseguiram ter o mesmo impacto que a Francesa, tendo um poder de modificação e de influência um tanto menores, não rompendo a hegemonia capitalista como a Francesa tinham rompido a hegemonia Absolutista em 1789. Se foi um século de revoluções menos impactantes em termos totais, ainda são politicamente bastante influentes. As quais talvez tenham sido ensaios para uma revolução maior por vir e que terá o impacto e as mudanças da Francesa.

     Das revoluções do século XX houve uma que, se não teve tanto impacto mundial conseguiu trazer significativas mudanças em seu cenário político e criou um país com uma realidade muito diferente dos demais da região foi a Revolução Mexicana. Motivada pelo despotismo de Porfírio Diaz, juntamente com vários problemas e reivindicações, sobretudo agrárias da população mexicana foi feito um levante em 1910, seguido de um longo processo que causaria várias mudanças na política mexicana e terminaria com a consolidação do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao poder em 1928. O qual ficaria até o ano 2000, alternando os presidentes nacionais de seis em seis anos.

      Ainda que tenha apresentado problemas principalmente a partir da década de 1960, conseguiu manter por um bom tempo uma realidade política mais estável e aberta a processos sociais, como a reforma agrária feita nos anos 1930, nacionalização do petróleo, legalização do partido comunista e uma maior concentração de esquerda do país, sendo estável e seguro para isto, conseguindo fugir do macarthismo e instabilidade políticos presentes nos demais países da América Latina. Sendo mesmo um refúgio para os republicanos e comunistas espanhóis, perseguidos pelo franquismo. Assim se tinha um país aberto a tais processos, devido ao caráter do governo e os efeitos da Revolução Mexicana. Nenhum outro país latino americano conseguiu isto no século XX.

      Vendo as revoluções e seus impactos, o que fica visível são sua força e capacidade de mudar a realidade política. Quando ocorrem conseguem modificar profundamente os espaços em diversos níveis. O que demonstra o poder delas, o quanto o mundo é mudado por grandes momentos políticos, como nas revoluções francesa, russa ou mexicana. Algumas impactam mais, mas respondendo a contradições e problemas sociais, tem por isto força popular. As contradições sociais em algum momento se tornam revoltas que geram mudanças. Enquanto houver contradições e problemas sociais, os espíritos das Revoluções existirão.        

 
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