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Pedro Fagundes de Borba

Autor: Pedro Fagundes de Borba

Capitais

14/1/2024 - São Roque - SP

    O capital não é apenas dinheiro ou financeiro, não se restringe a ele. Há vários tipos de capitais e também formas com que ele é aplicado. Em todos eles, há um forte elemento de poder e de possibilidade. Pois, aquele que é detentor do capital, consegue usá-lo para ter acesso e usufruto do que aquilo pode dar e fornecer. O que, também, essencialmente, já pressupõe que outro não tenha, ou tenha menos. Pois assim este poder fica de fato consolidado, existente. E garante a força do capital.

   Em seu contexto e forma mais clássica, a de dinheiro e financeiro, este ainda é muito existente. Porque constitui a essência, a força e o motor básico da sociedade capitalista, a qual faz o sistema existir. Deste fator, nascem as complexidades e contradições capitalistas, sempre existentes. E, por ser a questão monetária, a maior quantidade de valor é nela depositada, fazendo com que adquira este poder e esta coerção social. Pois nela são decididos os principais aspectos materiais da sociedade, os quais determinam a vida em seus aspectos básicos. Naquilo que faz que se possa viver.  A sociedade ficando muito em volta de seus fatores e fatos sociais, ainda é a maneira e forma mais forte do capital o econômico.

     Porém não é a única. Algumas outras inclusive, possuindo alguns tipos de relação com esta forma de capital, que gravitam e também trazem poder. Não superando o capital econômico, mas, ainda assim tendo seus poderes. E mesmo influência sobre a mais influente e poderosa forma de capital. Seriam estes o capital cultural e o capital político, para citar alguns tipos a mais. Que não são propriamente monetários, porém também garantem um poder, espaço e possibilidades na sociedade. Pois cada um também garante este tipo de posição, de um valor atribuído e agregado.

      Cada um a sua forma, de diferentes maneiras. Capital cultural, essencialmente, pode ser visto através do valor cultural e da ideia associada. Ao que se admira culturalmente e, em menor grau, o que se espera daquela forma cultural. Pois a pessoa em questão possui uma determinada cultura ou é associada a algum fator cultural, o qual lhe dá um capital e um espaço. Isso é mais explícito em grandes astros da música, cinema, televisão ou do futebol. Pois todos possuem um aspecto cultural associado diretamente a eles que faz com que se tenha esse valor, o que os faz serem mais bem vistos e lhes dá uma posição e influência cultural. O que mexe com as pessoas, pois estas enxergam e lhes dão este valor, garantindo este capital cultural. Que, por vezes, rende dinheiro. Mesmo pessoas culturais não tão famosas e badaladas, como escritores, também podem ter seu capital cultural, tendo valor para os que lhes admiram.  

    Já capital político se refere à influência e valor político que uma determinada pessoa possa ter. Baseada em ações, cargos que ocupou ou sua trajetória política, isto lhe confere uma aura, uma imagem e uma força política que pode mobilizar ou fazer com que se associem ações ou capacidade para agir politicamente em momentos diversos. Fica também visível, pois se agrega valor político aos que tem este capital, fazendo com que este seja mais real e forte. Pois pressupõe consigo algumas habilidades e também um saber fazer politicamente. O que poder ser usado para fazer política. Neste caso, também, ser a política.

      Tanto o capital cultural quanto político, dependendo da situação e da maneira como é feito, pode influenciar questões relacionadas ao capital econômico. Quase como que atraindo alguns valores a partir de força política ou cultural. Também se lida com contextos muito específicos, e que atendam interesses. Cada local buscará o capital cultural e político que lhe convier, para fazer associação entre interesses. E por o valor. Então o capital sendo a forma e o elemento que mais gere a sociedade, baseado em sua organização material, pode adquirir estas formas. E, se o capital econômico é o mais forte, também pode ser influenciado por outros. A organização em torno do capital toma mais formas, que são em si bastante problemáticas. E que tomam outras dimensões. Se o capital econômico acabar e as relações sociais se modificarem radicalmente, capital cultural e político ainda valerão. 

 
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